terça-feira, janeiro 30, 2007

O PERIGOSO MUNDO DA MARABRAZ

O nosso mundo tem grandes mistérios. Ovnis, chupa-cabra e, claro, Carlinhos Brown. Mas nada me intriga mais do que a Marabraz, loja de móveis aqui de São Paulo. Parece existir uma espécie de vórtex que suga o cérebro e a grana de todos os infelizes que se arriscam a entrar em uma loja da rede. Eu passei por uma experiência semelhante. E sobrevivi. Não sei bem como. Mas o Discovery Channel já avisou: quer fazer um documentário sobre a minha experiência.

Fiquem avisados: JAMAIS entrem em uma loja da Marabraz para perguntar o preço de algo. Nem por curiosidade. A não ser que esteja disposto a comprar 3 escrivaninhas e uma mesa com cor de “vômito seco”. Eles têm técnicas diabólicas de persuasão. Eu nunca tive a disposição de comprar algo em um lugar que já usou a dupla Zezé DiCamargo e Luciano como garotos-propaganda (eu disse “garotos” ?). Mas eu e a senhora Carrilho caímos na besteira de entrar em uma das lojas e perguntar: “Quanto é essa estante?”

Crianças, nunca façam isso. A pergunta foi a dica para sermos arrastados até a máquina dos infernos: o computador que calcula prestações. Um vendedor-grudento começou a sugerir descontos absurdos. Não adiantou fingir que “a gente vai pensar no caso”. O vendedor-grudento chamou o gerente, que ofereceu descontos ainda mais absurdos e descobriu que a gente também queria um sofá. Estava quase dando o sofá de graça. Se a gente insistisse, acho que ele também daria a bunda.

Nós levantamos, insistimos que se tratava apenas de uma pesquisa. Mas essas criaturas infernais não desistem. O gerente disse que tinha uma cota de descontos para usar e que, olha que coisa, foi com a nossa cara e queria ver a gente feliz. Fomos puxados novamente até o computador. Ele foi calculando novas prestações, atrasando datas de pagamento, etc. Eu estava quase comprando qualquer merda só para me livrar daquele inferno. Só escapamos porque inventamos um certo orçamento que eu teria que confirmar para saber quanta grana eu teria no banco nos próximos meses.

Ficamos encucados: vai ver era apenas AQUELA loja que estava ”apelando”. Passamos em outra loja da rede para conferir. Foi a mesma coisa, só que pior. Saímos rápido, mas o gerente nos perseguiu até a porta: “Olha, o primeiro pagamento é só daqui a 40 dias!” Antes de sair eu vi uma placa pendurada atrás de um pilar dizendo que “é proibido deixar um cliente sair sem efetuar uma compra”. É orientação da diretoria. Um troço diabólico.

Ainda acordo gritando à noite e só me acalmo com um copo de leite morno. Acabamos comprando uma estante em outro lugar. Talvez tenha custado mais caro. Mas toda vez em que eu penso em conferir o preço na Marabraz a senhora Carrilho me dá um beliscão. Ela cuida de mim...

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domingo, janeiro 28, 2007

AGORA É VERDADE: LIXO É LUXO!

Não quero ficar me alongando com esse papo chocho de “San Paolo Féchion Uíque”, mas, caceta, a sensibilidade social de alguns estilistas me comove pacas. Em um dos desfiles do evento, o estilista Alexandre Herchcovitch (saúde...) colocou uma modelo na passarela vestida com um saco de lixo. Veja a notícia e a entrevista na UOl (para assinantes) ou fique por dentro pelo Yahoo.

Sim, Juquinha, saco de lixo, desses que você usa em casa. Segundo o "gênio", a sua coleção atual é inspirada na vida de bóias-frias e trabalhadores rurais. Hercovitch acha que “eles criam imagens sofisticadíssimas sem saber (...) Existe poesia no lixo .“ Calma, tem mais, tem mais: ele ainda acha que o seu trabalho “acaba virando um alerta sobre as más condições de trabalho desse povo”.

Pronto, era o que faltava: um estilista consciente! Estou pronto para vê-lo em algum trabalho voluntário doando vestidos Chanel para sem-teto. Sei lá, doar a renda da venda de uns três vestidos não rola, né, Alexandre? É, foi o que eu pensei. Bom, pelo menos a Lucicleide, que trabalha catando lixo no aterro, vai ficar feliz em saber que aquele seu chapéu de papelão é fashion. E eu, que não tava afim de gastar uma nota preta para ficar na moda, já aderi ao estilo. Saco de lixo é vendido por 5 pilas o quilo na feira perto de casa! Quem diria que era tão fácil ficar chique? Massa! Olha só o requinte (notem os pregadores, um lance super moderno que eu "bolei"):

Um adendo: vou ficar feliz no dia em que os estilistas largarem essa frescura de ser artistas “que pensam a sua obra como conceito e discurso” e voltarem a ser costureiros. O jornalismo cultural vai ser menos hilário, mas, céus, que economia em hipocrisia teremos!

A primeira foto é da Agência Folha. As outras são da Agência Walter Carrilho de Notícias.

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sexta-feira, janeiro 26, 2007

VOCÊ QUER SER MODELO?

Taí: de novo, todo mundo está falando da São Paulo Fashion Week (SPFW), evento de moda que traz comedoras de alface para desfilarem aquelas roupas que ninguém tem coragem de usar. É o momento máximo das modelos. 9 entre 10 garotas sonham em entrar nesse mundinho. Para isso, topam empastelar o rosto com creme de pepino e se alimentar com alpiste. Só para caminharem na passarela com aquele perfil de cabide: um arame com roupa por cima. Tem modelo com essas medidas: 1,80 de altura e 45 quilos. É mole?

Antes de batalharem para ser magras, as garotas deveriam se preocupar com outro parâmetro importante da carreira: a burrice. O SPFW atual tem um tema: “sustentabilidade”. Os jornalistas estão com sérios problemas para encontrar uma modelo que saiba falar sobre o assunto. A maioria provavelmente nem sabe soletrar a palavra. Por isso, se você quer ser modelo, avalie o seu grau de cultura. Faça o teste:

-Analise as fotos e diga o nome dessas 3 personalidades importantes da história da humanidade:

Resposta:

-Se você disse “Ghandi”, “Charles Chaplin” e “Che Guevara”, você não tem futuro como modelo.
-Se você tentou adivinhar e falou coisas como “Sarney”, “meu tio Humberto” e “Opa, não é o Oswaldo Montenegro?” , ainda tem chances. Leia mais “O Pequeno Príncipe” que um dia você chega lá.
-Agora, se você não deu bola para a pergunta e ficou pensando “Onde eu descolo a boina desse barbudinho?Ai, é tu-do!”, beleza! Tem um contrato te esperando na Ford Models!

Ps: se você é modelo e ficou indignada com o texto, me desculpe. Jamais imaginei que modelos soubessem ler...

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quarta-feira, janeiro 24, 2007

QUE TAL UM NOVO BIG BROTHER?

Na boa, só dois tipos de pessoas ainda têm saco para acompanhar o Big Brother: onanistas incuráveis*, que assistem a bagaça para tentar ver nesgas de peito, e noveleiras terminais, que gostam de acompanhar qualquer historinha – basta trocar o “Quem matou quem?” por “Quem comeu quem?”. Não é a toa que a audiência anda miando. Sugestão? Os produtores precisam ser mais ambiciosos. Precisam buscar manés de maior envergadura para lotar a casa.

Na semana passada perdemos uma ótima oportunidade. A reunião de líderes da América do Sul, realizada no Rio de Janeiro, daria um ótimo Big Brother. Alguns são personagens perfeitos. O Lula, por exemplo, tem o perfil idêntico ao Kleber Bam-Bam: fala errado, tem origem humilde e é adorado pelo povão. O Chavez seria o barraqueiro de plantão. Aliás, ele está cada vez mais parecido com a Luana Piovani. Não dispensa um paparazzi e vive falando besteira. Teria torcida fácil. Qualquer dia desses aparece sem cueca em um desfile. E temos vilõezinhos, também. Kirschner é meio neurótico, podia dar certo no papel. E é feio, também, o que ajuda. De resto, existem vários coadjuvantes bananas para a gente descartar no paredão (sério, alguém aí lembra o nome do presidente do Paraguai? É, pois é, eu também não).

Seria mais divertido que o Big Brother atual. Pelo menos as discussões seriam bem animadas. Claro, seria um desastre na hora de ir para a piscina (alguém já viu a pança do Chavez?). Mas a reunião mostrou que os líderes aqui do quintal latino são idênticos aos “gladiadores” do Bial: se reúnem apenas para comer, fazer cooper e encher a cara. Ou seja: a reunião foi só para neguinho descolar jantar de gala na faixa.

O divertido seria ver os caras se esfolando para ser o líder. Ou limpando o banheiro. Enfim, trabalhando, pra variar.

*Não sabe o que é onanista, Juquinha? Procura no dicionário. Uma dica: é um cara cheio de espinha na cara e com uma coleção enorme de Playboys.

terça-feira, janeiro 23, 2007

EU OUVI ISSO???

Estava aqui, trabalhando tranquilamente (sim, eu trabalho, não sou artista plástico ou coisa parecida). E então alguém liga a tv na globo. Na tela, o incrivelmente estimulante "Vídeo Game", quadro mongol comandado pela rainha da expressividade, Angélica, e que faz parte do Videoshow, outro triunfo da criatividade televisiva . Ela comenta o fato de apresentar a atração há cinco anos. E agradece ao público: “Vocês me aturam há 5 anos!!! Parabéns!” Legal saber que ela é um ser consciente do masoquismo do seu público. Ela deveria agradecer à diretoria da Globo, que faz a bondade de pagar um salário milionário para uma espiga falante.

Mas teve mais. Um ator do seriado Grande Família fala sobre seus últimos trabalhos no cinema. Se eu não estou delirando, eu ouvi as seguintes frases: “Eu fiz dois filmes (...) No primeiro eu faço um vilão, um homem-jacaré que...” E depois emendou: “E o outro filme é uma comédia divertida que se passa nos anos de chumbo da ditadura e...”

Vem cá, é isso mesmo? Filme com um homem jacaré??? E o filme é o que? Um musical anarco-ambiental? E esse lance de comédia “divertida” sobre ditadura? Como é isso? Tom Cavalcanti faz um policial do DOI-CODI?

Alguém também ouviu essas barbeiragens ou tem gente colocando cogumelo no meu café? Por favor, esclareçam.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

FIM DO MISTÉRIO


Falam tanto sobre ela, tiram tantas fotos...Enfim, essa é a explicação mais plausível para o fenômeno. E ela disse ter apenas 78 quilos...78 quilos tenho eu, fofa!

sexta-feira, janeiro 19, 2007

FIQUE RICO: SEJA CINEASTA!

Tem um jeito fácil de acabar com a pobreza do país. Esqueça esse lance de cesta básica e ensino fundamental. O negócio é transformar todo mundo em cineasta. É o emprego que qualquer um quer ter: grana fácil e nenhuma responsabilidade. Em uma empresa normal, você é cobrado por vendas, resultados, etc. Se você trabalha como cineasta isso não acontece. Você descola uma grana com o governo e tá limpo. Se o filme for um sucesso, parabéns. Se for premiado, o prêmio é teu. Mas se for um fracasso, a culpa é da massa ignara que não tem cultura para apreciar a sua arte. Ou da imprensa. O importante é que ninguém pede a grana de volta. Uma baba.

Um exemplo legal é o filme “A 8ª cor do arco-íris”, que além de levar o troféu de “título piegas do ano”, tem a honra de ser o filme nacional MENOS assistido em 2006. A notícia enviado pelo blogueiro Serjão entrega o vexame: 133 espectadores! Anotou aí, Juquinha? 133. Não dá nem para encher uma sala de cinema, xará. Detalhe: o filme custou 600 mil reais. Como? De onde saiu a grana? Ah, Juquinha, do bolso do cineasta é que não foi. Que ingenuidade a sua!

Idéia na cabeça todo mundo tem. Falta uma câmera na mão. Sugiro que o “Bolsa-Família” seja transformado em “Bolsa-Câmera”. Chega desse povo miserável se lascando para descolar 50, 60 mangos. Que todo mundo tenha a chance de levar verbinhas de 500, 600 mil reais. Pior que os filmes do Cacá Diegues não dá para fazer. É só inventar uma história sem pé nem cabeça misturando orixás, favelas, desmatamento da Amazônia e um cabeludo gritando "Porra!” que a grana pinta. E você ainda posa de gênio.

Quando se fala em “arrrrrrte”, competência é algo descartável.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

MELÕES E MUITA VASELINA.

Vai ter cirurgião plástico puto da vida. Olha só essa notícia enviada pelo leitor Clóvis: Bulgária vende cerveja que aumenta seios! U-lá-lá! O nome da cerveja que promete realizar o sonho de 9 entre 10 mulheres ( e de 11 entre 10 homens) é Boza. A Bulgária é um daqueles países esquisitos da Europa que a gente esquece que existe. Vindo de lá, deve ser verdade.

Não há nenhuma comprovação científica para esse “milagre”. Mas se for verdade, a bebida vai servir de bode espiatório para garotas turbinadas que não gostam de assumir que aumentaram os seus melões* (né, Eliana?). Angélica, que anda seca como uma uva passa, vai querer tomar um caminhão pipa da coisa (loucura, loucura, hein Luciano?) . E Sandy, por outro lado, vai ficar numa situação difícil: ela não bebe, não trepa e não assume ter colocado silicone. Vai usar que desculpa, então? Mingau?
O que a notícia não explica é se o efeito vale apenas para as mulheres. Afinal, vai ser chato pacas eu entornar aquelas 17 brejas de costume no churrascão de domingo e acordar como a Dolly Parton no dia seguinte.

E tem outra notícia legal: Michael Jackson deve mais de cem mil dólares para uma farmácia . Tremo só de pensar nos itens que ele comprou com essa grana. Galões de vaselina, tinta branca e cola de nariz? Diz aí, leitor: o que o Michael Jackson foi buscar na farmácia? Lembrando: crianças não são vendidas em farmácia nos Eua. Ainda.

PS: "melões" é o apelido mais meigo que nós, homens, damos aos seios. Somos fofos, não?

domingo, janeiro 14, 2007

PODEM MANDAR O ENXOFRE!

O caso dos bispos (ahn?Sei, sei...) Sônia e Estevam é a prova do que eu vivo pregando por aí: o mundo merece um apocalipse. Um planeta tomado por estúpidos não merece continuar por aí, ameaçando a galáxia. O mundo passou por um dilúvio na época de Noé. Sodoma e Gomorra foram arrasadas por fogo divino. Tudo isso para livrar o planeta de gente que tinha passado os limites da, digamos, devassidão. Bom, e quando ultrapassam os limites da burrice, acontece o que? Avalanches? Tá na hora de cair enxofre do céu de novo.

Olha só: Maluf vai para a cadeia e está atolado em processos. Não adianta: os tapados votam nele. E agora vemos os casal da Igreja Renascer. Não basta mostrar que os dois descolaram uma baita fortuna com as oferendas, que a igreja deles é uma máquina de fazer dinheiro e que esse dinheiro não serve para ajudar os necessitados e sim para comprar cavalos puro sangue. Pfff. Vi matérias com fiéis defendendo os dois pilantras, amaldiçoando a imprensa, dizendo que é culpa do diabo, que é injustiça, etc. Ter fé é uma coisa. Ser cego e gostar da coisa é outra. Uma dica a eles: que tal mudar de igreja? Tem uma a cada esquina. Escolham uma com líderes menos ambiciosos, pelo menos.

Dá para confiar no futuro da humanidade com demonstrações de inteligência como essa? Não, não dá. Mandem o enxofre. E logo.

PS: Se eu sou religioso? Pra caramba. Mas não aceitaria intermediários cobrando grana para gerenciar a minha fé. Acredite, Juquinha, dá para ser cristão sem ficar bancando a mansão de ninguém.

sábado, janeiro 13, 2007

QUEM PODE, PODE.

Eu já me prometi várias vezes escrever algo sobre as músicas que tocam no supermercado perto de casa. Som ambiente é algo essencialmente asqueroso. Tem supermercado que apela para o som “que o meu povo gosta” e despeja uma mistura tóxica de forró de quinta com pagode mela-cueca. Mas no Pão de Açúcar perto de casa é pior. Quem escolhe as músicas tenta ser “sofisticado”. E sofisticado, para esse infeliz, é selecionar músicas da nova MPB com clássicos da aporrinhação. Mas sobre o gosto do sujeito eu falo depois.

O problema é que hoje estava tocando Marisa Monte. Eu estava na seção de laticínios quando tocou a horrenda “Amor, i love you”. Eu sei, tem gente que acha liiiindo. Mas ouvindo aquela “coisa” (sim, Juquinha, eu chamo de “coisa”. E aí? vai encarar?) eu me lembrei de outras músicas que também fazem construções bizarras de frases para dar um ar de “subversão”. Lembram de “Eu te amo você”? Então. Marisa Monte falando uma besteira como “Amor, i love you”, nessa mistura tosca de inglês com português, é bacana, “putz, olha que sacada”. Mas se fosse o Tiririca que cantasse essa música aposto que o mundo ia cair de pau. Talvez fosse até processado por uma junta de professores de um curso de línguas.

É assim que funciona: cantor popular tem que falar direito, pois a sua obrigação é educar a escumalha. Cantora que é apreciada pela turma da festa de queijos e vinhos pode falar qualquer merda. Ou, em resumo: Tiririca fala errado. Marisa “reinventa” a língua.

Futuros cantores, aprendam: escolham a família antes de nascer. Facilita um bocado.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

NÓS NÃO TEMOS LAWRENCE DA ARÁBIA

Depois de ficar com o blog travado, graças à manutenção do Blogger, voltamos ao batente.
Os ingleses têm sorte. Eles têm pessoas como David Lean para contar histórias de heróis nacionais em filmes grandiosos, como “Lawrence da Arábia”. Os americanos têm Oliver Stone. Com a gente é diferente. Temos que apelar para as novelas e para pessoas como Glória Perez. Ela é a responsável por “Amazônia", a nova minissérie da Globo. É uma epopéia sobre a história do Acre. Não vai me surpreender se pintar aqueles lances de bebês trocados na maternidade para “apimentar” a história. É o que dá ter Janete Clair ao invés de Shakespeare como “referencial dramático”. Nossas marcos dramáticos são índias peladas no rio e Betty Faria fungando.

Em entrevista, Glória Perez, que é acreana, disse que queria contar a história “desse povo que lutou para se agregar ao Brasil”. É sério isso, gente? Sinceramente, se eu fosse acreano, eu faria de tudo para esconder esse detalhe. Lutar para fazer parte do Brasil é uma coisa estúpida “pra caray”. O problema de minisséries que fazem “revisionismo” histórico é o ufanismo meio mongo. Tudo vira heróico e as pessoas falam como se fizessem parte de um poema de Camões. Não dá. Dom Pedro vira um puta cara e, se bobear, até Carlota Joaquina fica bonita. E o curioso é que todos os heróis têm a cara do José Wilker. Ou seja, todos os presidentes, imperadores, cardeais e desbravadores ficam com aquele jeitão trincadão. É meio esquisito. Desconfio que ainda vão criar um papel de um índio muitcho loco para ele em uma minissérie sobre o descobrimento do país. Só para ele aparecer peladão na praia. Sei lá, deve dar ibope.

E o bacana de tudo isso é que tem grana do governo na jogada, como você já deve saber. Ufanismo é mesmo um baita negócio por aqui. Qualquer um pode se dar bem, basta criar um filme ou novela sobre um bandeirante ou cangaceiro. E colocar o Wilker no papel central, chhheeeerto?

sábado, janeiro 06, 2007

O AMYR KLINK DO REVEILLON

Você deve ter estranhado a minha ausência nesses dias. Eu estava viajando, Juquinha. E, por isso, essa matéria sobre o reveilon entrou atrasada. Sossegue, estamos de volta (que azar, hein?).

A maior declaração de amor que um paulistano pode fazer uma cidade como São Paulo é abandoná-la nos feriados. Imagino que ficar nela signifique exatamente o contrário. Pois é, fiquei em São Paulo no reveillon. Fiquei por aqui com um instinto meio Amyr Klink, de curtir cenários inóspitos. A cidade fica mais vazia do que fã clube heterossexual do Village People. Com a companhia da senhora Carrilho, me isolei em um hotel próximo à Avenida Paulista, a principal da cidade. Dessa forma, eu poderia observar os costumes dos nativos desse estranho território abandonado com uma distância segura.

O hotel atrai vários corredores da São Silvestre. Ainda vou fazer uma matéria sobre esse troço, pois não consigo entender o que leva um cidadão a passar o último dia do ano correndo e suando na rua, enquanto a maioria se entope de panetone. Dei o maior apoio aos atletas: enquanto eles corriam, eu enchia a cara de cerveja na piscina. Quem viu a corrida (alguém tem saco para isso?) deve ter notado que choveu às pampas por aqui. Sem problema. Fui de guarda-chuva para a piscina. Paulistano que é paulistano não perde a chance de curtir uma água, mesmo passando ridículo.

Ficar no hotel me deu mais conforto do que passar na praia e correr o risco de pisar em agulhas de seringas, cocô de cachorro ou poetas pós-modernos, essas coisas que surgem boiando na água. E também me livrei de trombar com a turminha que emporcalha a praia com oferendas para Iemanjá. O mais próximo que eu cheguei disso foi levar manjar para a banheira (Iemanjá, manjar...praia, banheira..Sacou a piada?Hein, sacou???).

Outro evento importante no reveillon paulistano foi o show da virada. Que eu curti da maneira correta: a uns bons quilômetros de distância, na segurança de uma varanda. Não consigo me misturar a um povo que topa tomar chuva para ver shows de Calypso, KLB e afins como programa de reveilon. Aliás, desconfie de uma administração municipal que traz a Rita Lee para dar show como “presente” de ano novo.

Mas se você acha que passar o ano novo em Sampa é um programa de índio, pense no seguinte: teve gente que foi para Brasília para ver a posse do presidente. Isso sim é uma idéia de merda...