José Sarney é uma das figuras mais detestáveis que existem. Mas acho que mesmo algumas de suas maracutaias perdem para os seus livros em uma avaliação de cretinice. Indicar apadrinhado para estatal é uma coisa. Mas escrever livros já é demais. O pior é que dão moral a ele. Saiu um
filme baseado no seu livro “O Dono do Mar” . Filme ruim a gente entende. Mas filme ruim baseado em livro ruim de um escritor ruim eu já acho
ofensa.Não vi o filme. Mas sei que ele é ruim. Ele cheira desastre a léguas de distância. É uma novela
“Pantanal” com uma duração menor e sem jibóias. Filmes assim, que tentam vender aquele Brasil brejeiro perdido em alguma página de
“Gabriela”, são todos iguais:
-Clichê 1: todos os homens andam sem camisa e são grosseiros – é para incentivar as fantasias sexuais daquela garota que sonha em ser agarrada pelo Marcos Palmeira.
- Clichê 2: as mulheres andam descalças e usam vestidos de chita, daqueles com uma alcinha que sempre cai do ombro – é para alegrar a garotada que se excita até com visão de joelho.
- Clichê 3: todos trepam loucamente. E em diversos lugares: no rio, no lombo de um cavalo, na jangada e até embaixo do balcão da vendinha do vilarejo. Nós, brasileiros, somos assim: trepamos muito.
- Clichê 4: sim, nesses filmes tem sempre uma vendinha em um vilarejo. Ela é comandada por um ator velho, barrigudo, de bigodes e que fala “Óia, seu!” É a reserva de mercado do Lima Duarte e do Stênio Garcia.
- Clichê 5: 50% do filme é ocupado por clipes com cenas amplas de lugarejos turísticos. Essas cenas são armadas para o povo da Embratur elogiar o filme.
Se você vai mesmo assistir a essa joça, faça o seguinte:
leve um acompanhante e faça, ali mesmo, nas poltronas, o mesmo que os atores fazem no filme. Ajuda a passar o tempo. Só não esqueça: use camisinha, não derrube a pipoca e manere nos gemidos para não acordar os outros.