sexta-feira, setembro 28, 2007

O HOMEM QUE FALAVA DJAVANÊS

Djavan é o cara responsável por versos como “Açaí, guardiã, zum de besouro, um imã”, que geram dezenas de monografias em cursos de letras e algumas câimbras no meu duodeno. Pois ele está de disco novo: “Matizes”. E para homenagear esse “poeta”, escrevi este texto em Djavanês.

Cacatua, sol da manhã, um suco de maçã. Neste novo disco, Djavan, este filho do luar, revoada de pombos, araçá, Zimbabwe, inovou. Na canção “Imposto”, ele mostrou o seu lado indignado e engajado, parangolê, maracujá, nuvem no céu, em uma crítica à carga tributária:

“IPVA, IPTU / CPMF forever / É tanto imposto / Que eu já nem sei!. (...) Eles nem tchum”

O “nem tchum” é, obviamente, fruto de alguma influência parnasiana. Bumba meu boi, meu rei, meu oi. No próximo disco ele promete musicar uma medida provisória, ou fazer uma crítica à cotação do dólar. Seu olho, repolho, alegria de ser. Deputados, intelectuais e economistas não convencem o governo. Mas nada mais assustador do que um músico de MPB “revoltado”. Se eu fosse ministro, abolia o ICMS. Só de medo.

O mais legal em Djavan, esse iansã, calor, grão de areia no ar, é que ele anima qualquer imbecil a ser compositor. Vejam o meu caso: musiquei a minha lista de compras. Ficou assim:

Arroz, ovo e canela / Mate-leão/ tomate, berinjela/ sal e um monte de pão”.

Estou pensando em chamar essa música de “Carrefour”. Flor no orvalho, lamour, sabor de mel. Acho que vai bombar.

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quinta-feira, setembro 27, 2007

IMAGENS ESTÚPIDAS DA SEMANA

Imagens que todo mundo viu na imprensa, mas ninguém entendeu.

Grupo de monges faz protesto em Miramar. Eles exigem a derrubada do governo e uma verbinha extra para comprar Minoxidil.

Preta Gil desiste da carreira artística e vira halterofilista no mundial de levantamento de peso, realizado na Tailândia.



Morreu o mímico Marcel Marceau. Alguém pensou em pedir um minuto de de silêncio no enterro, mas desistiu quando viu que pedir silêncio em enterro de mímico é uma baita piada infame.

PS: As fotos foram publicadas originalmente pela UOL.

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terça-feira, setembro 25, 2007

BOÇALPÉDIA: SASHA

SASHA
(Ou “Minha mãe não tinha um nome mais besta pra me dar“)

Sasha, a filha da Xuxa (atenção, esta frase é um ótimo trava-língua), deve ser o primeiro resultado do cruzamento entre um ser assexuado (Xuxa) e um animal acéfalo (Luciano Szafir). O cruzamento teve a participação providencial de uma Marlene Matos (um animal ainda não classificado pela biologia), mas isso não conta. Há boatos de que Sasha é, na verdade, uma boneca Barbie que adquiriu vida.

Sasha é muito parecida com a mãe. Algumas pessoas acham difícil diferenciar uma da outra. É muito fácil: basta colocá-las lado a lado. A que fala com voz de retardada costuma ser a Xuxa. Sasha é uma celebridade precoce. Deu a sua primeira entrevista para a Revista Contigo quando ainda era um feto– a revista voltou a entrevistá-la aos 9 anos, momento em que revelou ter contado com a ajuda da mãe para comprar o seu primeiro sutiã. A mãe também pretende comprar dois diretores globais e um favelado para distrair a filha.

Ela tem a carreira toda programada. Ela já está juntando dinheiro para, aos 15 anos, comprar um jogador de futebol que servirá como namorado – cada apresentadora infantil tem o Pelé que merece. Fãs precoces já torcem para ela estrelar a continuação de “Amor, estranho amor”, em que ela aparecerá nua seduzindo o filho da Angélica.

A Boçalpédia é uma iniciativa sem fins lucrativos da Walter Carrilho INC. – uma empresa sem vergonha, mas com CNPJ. Qualquer semelhança com a Wikipedia ou a Desciclopédia é mera coincidência. Ou malandragem do autor.

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sábado, setembro 22, 2007

QUEM QUER MORAR NO BRASIL?

Os filmes de Carmen Miranda ainda devem fazer sucesso por aí. Afinal, por que alguém iria vir para cá com esperanças de que “o Brasil nos dará vida”? Essa frase foi dita por um dos refugiados palestinos que chegaram ontem no país. Alguém deve ter mostrado uma foto de Cancun para eles. Tremendo 171. Um tal de Ahmed disse que deseja ter um pedaço de terra por aqui. Sugestão: vai se acostumando com o cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, xará.

Deviam avisar que a probalidade de ser morto a tiros no Rio ou em São Paulo é bem maior do que no Iraque. Um dos refugiados lembra quando assassinaram 4 pessoas em Bagdá apenas porque eram sunitas. Aqui uma pessoa morre por bem menos, basta levantar a mão durante um assalto. Esses caras ainda vão ter saudades da guerra.

Outro refugiado disse ter o sonho de abrir um restaurante. Quando descobrir a quantidade de impostos e propinas que ele vai desembolsar, vai querer virar homem-bomba (se ele quiser atacar a ilha de Caras, dou o maior apoio). Aposta: em 6 meses todos se tornam camelôs.

E eu? Posso fugir para o Iraque?

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quinta-feira, setembro 20, 2007

O CLIPE DO SÉCULO

Eu achava que o "É o Tchan" fazia os piores videoclipes do mundo. Mas o mundo é mesmo pródigo em produzir surpresas. Enfim, o 11 de setembro ganhou uma homenagem "de qualidade". Merece ser premiado com o exclusivo selo "Cacilds!!!" *, reservado aos desastres que atingem no mínimo 5 pontos na escala Richter.

Assista. Sério. Apenas assista.

-Essa "coisa" foi descoberta por Ricardo Piologo, um dos criadores do site Mundo Canibal ("Avaiana de pau"). Que Deus o abençoe.
-O Selo "Cacilds!!!" é uma obra do Rambone.

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quarta-feira, setembro 19, 2007

VIDA. OU UMA CÓPIA RAZOÁVEL.

Passou batido: em agosto esse blog completou 2 anos de vida. Era para a notícia sair na Revista Caras, mas a 1.307 ª notícia monga sobre a Íris entrou no lugar. Aniversário é hora de pensar na vida. E a conclusão é a seguinte:

Era para eu ter a vida do Tom Hanks. Mas erraram na seção de despachos de destinos. E agora aquele sujeito que ganhou um Oscar por Forrest Gump está em meu lugar. Ele é bom ator mas, putz, imaginem como esse blog seria melhor com ele. Ok, o erro poderia ser pior: nascer como Ben Stiller e fazer comédia de casal pelo resto da vida.

Quando você nasce, ninguém explica o que é a vida. Ninguém fala “Olha, tem pudim de leite e Nívea Stelmann, mas tem também um lance chamado câncer e o Faustão aos domingos”. Falta um modelo ideal para a gente conferir se está no caminho certo. A página de fofocas da Revista Veja não é um bom exemplo, já que a vida não se resume a Lindsay Lohan. Você nunca sabe se está vivendo a melhor parte da sua vida ou apenas uma cópia xerox razoável.

O risco é você acreditar nas Pollyannas da vida, que fazem apresentações em Powerpoint com aquele papo de que a melhor coisa da vida “é o por do sol”. Ok, mas acompanhado de champanhe francês e uma conta na Suíça é mais legal.

Enfim, talvez um dia o destino conserte o erro. Aí esse blog custará 30 milhões de dólares. E Hollywood ganhará mais um péssimo ator.

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segunda-feira, setembro 17, 2007

O HORROR! O HORROR!

Para aqueles que acham que os cineastas brasileiros são incapazes de fazer um bom filme de terror, aí vai um fato aterrador: estreou nos cinemas o documentário Pedrinha de Aruanda. É sobre Maria Bethânia. São 60 minutos de músicas e depoimentos. É um exercício radical de interatividade: um filme de horror em que até o espectador é torturado. Eu me borro de medo só de pensar.

Dei uma passada em frente aos cinemas que exibem o filme. Precisava saber quem são os panacas que vão ver uma coisa dessas. Pedrinha de Aruanda está passando em alguns daqueles cineclubes especializados em masoquismo cinematográficos: passam filmes afegãos e mostras de cinema polonês da década de 30. Mas também está sendo exibido em alguns shoppings. Nada como comer um Big Mack e depois vomitar no cinema.

Não havia fila para ver o filme. Mas as (poucas) pessoas dispostas a ver Pedrinha de Aruanda tinham aquele perfil estilo Só-me-alimento-de-comida-macrobiótica-e-acho-Lenine-um-poeta!” Se alguém for ver o filme em uma noite de sábado é porque está socialmente falido.

É o segundo documentário sobre a maninha do Caetano que vejo estrear em pouco tempo. Logo, calculo que falta assunto para os cineastas. Ou o Gil, que é chegado da nariguda, anda facilitando a bufunfa. Aposto que seu eu propor um filme sobre o calcanhar da Gal Gosta eu descolo uma grana.

Zé do Caixão deve estar morrendo de raiva.

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quinta-feira, setembro 13, 2007

NEM RESPINGOU SANGUE.

Os parlamentares daqui não precisam apenas de lição de ética. Precisam aprender a trocar socos, também. O quebra-pau antes da sessão de (não) cassação do Renan foi digno dos Trapalhões. Um confronto em que o destaque é o Gabeira só pode indicar uma coisa: os caras são mesmo ruins de briga. O Raul Jungmann disse que vai pedir investigação, o que em briga é a mesma coisa que dizer “vou chamar o meu pai”. Pega mal.

Deputados e senadores são reconhecidamente barrigudos e preguiçosos. Não gostam muito de trabalhar e têm uns 16 assessores só para assoprar no cangote. Quando querem algo, como jornal ou grana de doleiro, mandam sempre um assistente fazer o serviço. O senador Papaléo Paes (sério, é um nome pior que o outro...) disse que apoiou a postura dos seguranças que invocaram com os deputados. Mas descer pessoalmente pro pau que é bom, nada.

Eles também não sabem xingar direito. Usam sempre o “vossa excelência” para mandar o outro tomar no rabo. Nem os ingleses são tão educados. O Gabeira disse que beijou o Tião Viana depois de um soco. Se do outro lado dos punhos estivesse o Tyson, o deputado perdia a orelha.

Se é para dar espetáculo, os caras precisam aprender com o pessoal da Índia e de Taiwan. Lá a porrada rola com classe, tem sangue e até microfone voando. Isso sim que é briga, o resto é chá com bolinhos.






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TOMOU, PAPUDO?

Se alguém tinha algum fiapo de esperança neste funil em forma de país, deve, por bem, sepultar bem fundo depois da absolvição do Renan. Só acredita nessa terra esquecida pela decência quem é cronicamente ingênuo, patologicamente idiota ou já afogou a consciência em prol de alguma suposta vantagem de carregar uma ideologia - tipo "Comer a garota do diretório acadêmico". Ou, vai ver, é por que tem um carguinho descolado por um político bem posicionado. De resto, é o que eu disse no post anterior:
FODA-SE
Vou abrir a cerveja e que esse país se lasque. Eu? Me preocupar? Nem...

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terça-feira, setembro 11, 2007

FODA-SE

É isso aí, Juquinha: foda-se. De repente o senado não cassa o Renan Calheiros, todo mundo fica com cara de “tiraram o pirulito da minha mão”... e daí? E daí que o jeito é desencanar. Ligar o FODA-SE. Assim mesmo, de boca cheia: FO-DA-SE!

Foda-se mesmo. E digo mais: Severino Cavalcanti para 2010! E com o Maluf de vice. E tem mais: Hebe Camargo para o Ministério da Cultura – faço questão que ela libere 10 milhões para um filme que conte a vida da Narcisa Tamborindeguy. Pode ser do Cacá Diegues. Não me importo.

Vai fazer alguma diferença? Não vai. Ninguém vai sair pelas ruas gritando “O povo, vencido, jamais será unido” (ou algo parecido, não me lembro direito como era a frase de ordem...). Se não mexer na carteirinha de estudante ou se não envolver a invasão do Iraque, assuntos evidentemente prioritários por aqui, ninguém se mexe. Então relaxa. Acho mais fácil fazer festa de apoio para o Renan. Encher a esplanada dos ministérios com o povão gritando “O Renan é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”. Podem me chamar que eu vou.

Faça um favor ao seu saco: aceite o FODA-SE. É isso ou se mudar para o Uruguai. A merda é a mesma, mas ouvi falar que o alfajor de lá é uma beleza.

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sábado, setembro 08, 2007

35 MIL DESOCUPADOS

35 mil pessoas assistiram ao desfile oficial de 7 de setembro em Brasília. Tem gente achando pouco. E onde acharam 35 mil pessoas em Brasília NO FERIADO??? Eu fico inquieto com desfiles militares no Brasil. Eu sei que as esposas dos generais precisam de outras atividades além do bingo de quinta, mas ver a tropa reunida me deixa com uma pergunta: quem fica para lavar os carros dos coronéis?

Com um contingente de apenas 25 mil soldados para defender TODA a Amazônia, uma área maior que os peitos da Mary Alexandre, deve ter gente abandonando o posto para desfilar. Acho que em dia de desfile a turma das Farc aproveita para fazer churrasco de macaco em um ambiente mais “exótico”.

Policiais da PM desfilam na festa da independência. Na foto, motoqueiros da Garra mostram como estão se virando com a redução do orçamento para compra de equipamentos.

Mas o que me preocupa mesmo é saber que tem gente disposta a ver desfile com ambulâncias, jipes sucateados e os Dragões da Independência cavalgando com aquelas perucas esquisitonas. Eu consigo pensar em 872 coisas mais divertidas para fazer, como “limpar azulejo de banheiro” e “tratamento de canal”.

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AMEAÇA É ISSO AÍ

Deu na coluna Zapping, da Folha Online: "Se for proibido de imitar celebridades, Tom Cavalcante voltará para o Ceará". Mas o que eu gostei mesmo foi da manchete na homepage (veja ao lado).
"Ameaça"? Se eu fosse cearense perdia o sono. Ou fugia para Sergipe.
PS: Os royalties ficam para a turma do Jacaré Banguela, que é especialista em pescar manchetes como essa.





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quinta-feira, setembro 06, 2007

CONVERTA-SE!

A saga continua em capítulos torturantes: Walter Carrilho tenta ler o livro “Verdade Tropical” de Caetano Veloso. Deus tenha piedade de sua alma.

Eu estava errado. Verdade Tropical não é uma biografia. Nem mesmo um livro de ensaios. É um livro religioso. É a bíblia de uma nova vertente mística: o Caetanismo. Faz sentido. Livros desse tipo sempre são escritos em linguagem cifrada, com páginas repletas de feitos grandiosos de alguma divindade. Caetano quer nos converter.
Eu estou quase convertido. Vejam a grandiosidade do bardo agreste: “...em que medida a oportunidade que se me ofereceu de bilhar com grande figura na história recente da MPB se deve à queda de nível de exigência promovida pela mesma onda de ostensiva massificação que eu contribui para criar?” (pág. 224). É ou não é uma verdadeira lição de pioneirismo e humildade?

Estou quase convencido de que no princípio era Caetano. Ele criou a MPB em seis dias e viu que era bom, tirando, talvez, a Vanderléia. Ele disse “Faça-se o tropicalismo!” E o tropicalismo surgiu. O resto veio em seguida: rock, mangue beat e, por que não?, o funk carioca. Depois Caetano ficou odara e descansou. Amém!

Arrependei-vos! Caetano está de volta. O seu novo disco, “Cê ao vivo” * será lançado agora em setembro. Está na hora de se ajoelhar em direção à cidade de Santo Amaro da Purificação, local de nascença do divino ser, e fazer a oração ritualística: “Viva a bossa, sa, sa/ viva a palhoça, ça, ça, ça, ça!”

Devotos do caetanismo aguardam ansiosamente o lançamento do novo disco do iluminado mestre. Durante a espera os fiéis se alimentam apenas de letras de Jorge Mautner.

Veja como a saga começou aqui

* Como manda a tradição no Brasil, depois que um artista lança um disco, há sempre um “ao vivo” com as MESMAS músicas. Depois tem o acústico, a coletânea... Um dia ainda inventam um Detefon para isso.

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quarta-feira, setembro 05, 2007

PENSAMENTOS DO CARRILHO

“ESTRUME E CHANTILLY ATRAEM MOSCA DO MESMO JEITO”

Dizem que o nosso DNA não é muito diferente das moscas. Logo, se as moscas não diferenciam chantilly de estrume, por que as pessoas iriam diferenciar Latino de Mozart? E para evitar que você coloque a cobertura errada na sua sobremesa a gente dá uma ajuda:


PS 1: A idéia do “pensamento” é do leitor Daniel.
PS 2 : Pensando bem, estrume atrai bem mais...

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segunda-feira, setembro 03, 2007

SER JOVEM É TER UM CELULAR NOVO

Quero trocar de nome. “Walter”, apesar do “w”, é um nome comum. Ter um nome “exótico” pode abrir portas por aqui. Queria me chamar Andrucha Waddington. Não é um nome legal para um diretor de cinema? Com um nome desses dá para fazer qualquer merda, até um filme sobre a Maria Bethânia.

Ou fazer um programa “inovador” em que jovens “comuns” gravam cenas da sua vida com um celular. Essa é a premissa de “Retrato Celular”, que estréia nessa semana no Multishow. É o conceito da Revista Caras aplicado na tv: “Diante das câmeras qualquer coisa adquire importância”. Tire a Luana Piovani e coloque um grafiteiro anônimo falando “irado” e dá no mesmo. Menos champagne e mais Red Bull. Alunos de RTV devem estar gemendo de prazer com tanta modernidade e ousadia.

O tal “retrato da juventude brasileira” que o programa vai exibir terá, como era de se esperar, aquela cara de comercial de refrigerante. Um dos jovens é músico. O outro aparece saltando de asa delta. Como? Se tem algum jovem que trabalha como cobrador de ônibus? Não, acho que não.

E, vem cá....eu já falei que a música tema é do Gilberto Gil?

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