quarta-feira, novembro 07, 2007

VOU FINGIR QUE NÃO VIVI ESSA ÉPOCA

O filme “Pode Crer!”, do diretor Artur Fontes, está sendo vendido como um retrato da juventude na década de 80. E tem a Malu Mader no elenco. A equação “retrato de uma geração” + “Malu Mader” me cheira a “Anos Rebeldes” requentado. Dizem que a série global sobre os jovens dos anos 60 incentivou os cara-pintadas a se revoltarem e derrubar o Collor. Espero que Artur Fontes não se iluda. O seu filme não tem poder nem de derrubar o síndico do meu prédio. Nos anos 60, o “cantor rebelde” da geração era Caetano Veloso. Nos anos 80, os “rebeldes” eram o RPM. Decadência é isso aí.

Filmes como esse retratam todos os jovens da época com uma aparência de integrante da Blitz: a cara do Evandro Mesquita e o cérebro do Topo Gigio. Isso não me espanta, já que a visão de muitos cineastas brasileiros vai pouco além dos arredores da barraca do Pepê na orla carioca. Não é a toa que os personagens de “Pode Crer” são todos filhos de diplomatas e socialites. Tentar dar a eles uma “consciência política” é forçar a barra. Seria mais honesto dizer que a maior preocupação deles era saber quem tinha parente na Varig para trazer de Londres o novo disco do The Cure. Confiem em mim, crianças, eu vivi a época. Tenho uma calça verde-limão para provar.

Mas o pior problema do filme é trazer o Lulu Santos no elenco. Deve ser a milésima tentativa de vender o cara como o “símbolo de uma geração”. A história pode ser sempre distorcida. Ainda vão chamar a besta do João Figueiredo de “grande presidente”. Não pense que estou exagerando. Tem gente que chama o Jânio Quadros de “grande estadista”.

Na boa? Se era para retratar o drama dos jovens nos anos 80 o ideal seria falar do Cubo Mágico. Montar aquela desgraça era a grande preocupação da época. O resto era detalhe.

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14 Comments:

Blogger Luc said...

Noossa! Você deveria ficar mais vezes doente...É ótimo para os seus posts....rsrsr

quarta-feira, novembro 07, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Acho que o grande problema do filme foi ter esquecido o mentor intelectual dos anos oitenta: Nelsinho Motta!! Ha, ha, ha

quarta-feira, novembro 07, 2007  
Blogger Serjão said...

Não Walter
O RPM era tudo menos rebelde.

Rebeldes eram Inocentes. Garotos Podres, Violeta, Akira, Mercenárias, Ratos, Plebe, Capital, Cólera etc...

Foi uma época com muita musicalidade e pouca qualidade. Tinha de tudo inclusive RPM e Kid Abelha.

Mas era Rock, mano. E é melhor qualquer rock do que nenhum Rock. Não sei se vc lembra mas estávamos sob o manto da MPB no que ela mais tinha de ruim. Betanea, Ednardo, todo e qq Ramalho. Era uma merda, cara. Vc sabia que eu fui obrigado a ir ver um show da Elba com uma antiga namorada? (Tum tum Bate coração...rs)Para ver o que um cara não é capaz de fazer por uma, como direi,...como falar isso em termos polidos...calcinha. (calcinha dá para passar?)

Por isso o RPM foi muito bem vindo, inclusive o "Revoluções por minuto" foi um baita show. Com laser e tudo mais, o que na época era inovador. Quem não tinha Rick Wakeman...

Mas nem sei pq estou falando isso. Nada disso é do meu tempo. E se a sua calça verde limão é da "Company", eu tenho uma igual só que laranja.

abs

quarta-feira, novembro 07, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Anos oitenta?

Pra mim, uma década perdida... Nada que preste.



Que bom que sua gripe foi embora.

quarta-feira, novembro 07, 2007  
Blogger Tia Paula said...

Não sei o que esse povo tem saudade dos anos 80. Pra criança (que eu fui), pelo menos, era uma desgraça - programa infantil era o Bozo, sapato era bota de plástico da Xuxa que dava o maior chulé, cinema, só os Trapalhões, bolacha recheada só tinha aquela Tostines quadrada, seca e o máximo da tecnologia era ter um Atari e um Walkman trazido pela tia do Paraguai (e que a mãe não deixava levar para a escola, claro).
Mas esperar o que de um filme chamado "Pode crer", Walter?
Não vi e não gostei.

quarta-feira, novembro 07, 2007  
Anonymous Anônimo said...

O título já diz!

Vc sai da sessão e diz que o filme é uma merda, olha pro cartaz e vê "podecrer". Sai desacreditando que puseram o Lulu no filme, "podecrer". Símbolo de uma geracão, "podecrer", Figueiredo, "podecrer".

O nome do filme é um alerta!

Abraço!

quarta-feira, novembro 07, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Depois, quando eu digo que o cinema nacional é especialista em fazer m*rda, eu sou preconceituosa... Sério que ninguém falou do Ayrton Senna no filme?

Só imagino daqui a 20 anos, quando relatarem a geração da década de 90... Outra bomba!

quarta-feira, novembro 07, 2007  
Blogger Ricardo Rayol said...

tá de sacanagem que fizeram um filme assim? carajos... e no minimo com grana publica. e o cubo maico era sim o grande desafio.

quarta-feira, novembro 07, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Os anos 80 foram os piores do século XX, não? Você usava aquelas bolsas tiracolo, de couro? Sempre quis saber o que os homens carregavam ali...

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Anonymous Anônimo said...

O rock nacional dos anos 80 era uma cópia mal feita do que rolou lá fora. O que adianta o cara tocar bem se cópia tudo e manda mal? Essa onda revival é deprimente, o pessoal não sabe o significado de uma coisa que é lixo e uma coisa que é cult. É deprimente ver neguinho ás 3 da matina totalmente bêbado em uma boate dançando "Super Fantástico".
Só falta o Sérgio Mallandro no filme.

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Blogger MariEdy said...

Por Diós!!!

Calça verde limão?? Laranja??


Com tênis xadrez?

Eu tive uma salopete lilás, que eu usava com uma camiseta verde-fluo.

Quanto ao filme ... nem chego perto!!

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Blogger Fábio Mayer said...

Não resisti Walter, sei que você a ama.

Veja o que encontrei no portal UOL:

http://preta-gil.blog.uol.com.br/index.html

Vá lá e delicie-se com os belos textos dela, onde conta, por exemplo, que ficou com dor de garganta de tanto chupar gelo que saiu da geladeira nova!

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Anonymous Anônimo said...

WC, concordo com quase tudo. Realmente fazer algo que tente reproduzir os anos 80 é "tirar leite de pedra". Entretanto discordo do fato do filme não conseguir "derrubar nem porteiro de prédio".
Pô, cara! Aquilo "derruba" qualquer um... pode crer (ops...)


Alexandre, The Great

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Blogger Marcelo said...

e o rebelde do ano 2000 eh o tico santa cruz
ME-DO

sexta-feira, novembro 09, 2007  

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