sexta-feira, maio 28, 2010

PARA OS ÓRFÃOS DE LOST

Ok, Lost acabou, 90% das dúvidas ficaram no ar e, no final, todo mundo termina de parzinho. Mas como você, eu e a torcida do Barcelona passamos 6 anos acompanhando a bagaça, não vai ser muito fácil ficar órfão. Por isso, aqui vão algumas sugestões para você não sofrer com o fim da série:

Busque uma religião- está com saudades de ficar boiando sobre tudo? Poucas coisas são tão eficientes nesse aspecto quanto certas religiões (para não dizer “a maioria”). Há vida após a morte? Existe céu e inferno? E que diabo é aquela ilha? As perguntas são parecidas. Se você tem facilidade em acreditar em fumaça preta com vida, viagens no tempo e “Hurley gordo mesmo vivendo de côco e água” vai achar a cientologia e o Hare Krishna uma brincadeira de criança.

Espere a versão brasileira- como nós adoramos imitar os gringos, fique tranqüilo. Em breve vai ter uma versão brazuca para Lost - já até vejo o locutor da Globo anunciando “Essa galera vai arrepiar numa ilha muito louca!” Talvez comece com um avião da Tam caindo em algum lugar estranho, inóspito e distante. Tipo Brasília.

Entre para a política- falando em Brasília, siga a dica: filie-se a algum partido político. Você vai se sentir como os personagens da Ilha: explorado, enganado e governado por algum líder esquisitão que é foco de adoração cega – Maluf, Serra, Lula e Quércia são os "Jacobs" e "Bens" de nossa terra. E cada um deles trata os outros partidos como inimigos. Mas topa se aliar a eles quando é conveniente. Igualzinho ao que acontecia no seriado. Um prato cheio.

Tenha uma vida- em vez de se angustiar com a vida dos outros e torcer para ver quem vai pegar a Kate, trate de se angustiar com a SUA própria vida. Arranje você mesmo uma Claire, um Sawyer - ou até um Hurley, vai saber? A vida já tem mistérios suficientes para você desvendar e quase todos são bem mais cabeludos que os da série: para onde vamos? De onde viemos? E, cazzo, onde estão as minhas chaves?

Eu só sei que era divertido acompanhar Lost. Vou dar um jeito de encontrar outro programa que me deixe tão confuso e intrigado. Sei lá, talvez passe a assistir o Jornal Nacional...

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quinta-feira, maio 20, 2010

PARA ENTENDER MALLU MAGALHÃES PT 1

Eu tenho uma tese sobre a Mallu. Essa é a primeira parte. A segunda parte vem em breve.

Houve uma época em que para uma pessoa se tornar artista era preciso ter um talento de fato, alguma coisa para ser admirada. Tipo a voz do Frank Sinatra, ou fígado do Dean Martin. Isso explica porque a Mallu Magalhães está se tornando uma nova Preta Gil para mim: um símbolo de como, hoje, um artista medíocre pode ganhar espaço. Basta interpretar um papel útil para a mídia de fofocas. Estava faltando uma piveta sonsa. Pois é, acabaram encontrando.

A minha suposição é de que ela tem, sim, um cérebro. Mas só usa nos dias ímpares. A sua participação no programa Tira Onda, atuando como atendente de cafeteria, corrobora a minha tese. Aqui você pode ver alguns vídeos. Mas este abaixo já dá uma idéia. Em qualquer lugar do mundo, uma funcionária monga como ela já teria sido demitida (dá até para notar a vontade da gerente de lascar um tabefe).



Antes que alguém diga “Mas ela é menor de idade”, não custa lembrar que, apesar de trabalho infantil ser ilegal, tem moleques com 12, 13 anos de idade, sem estudo e sem família que mostram muito mais habilidade para a vida do que ela. Na verdade, já vi moluscos mais espertos.

Enquanto tratarem a guria como a eterna “menina que está crescendo”, vai ser assim. Ela faz uma bobagem e todo mundo diz “Oh, que gracinha”. É como falar “parabéns” quando o bebê faz cocô durinho no pinico. Um dia a gente para porque o moleque já tem barba na cara. Mallu já sabe o que é um sutiã, imagino. Que tal mudar o disco?

Mas para Mallu se transformar em mulher e artista, não basta colocar um vestidinho. Precisa ter estofo de gente de verdade. Enfim, uma vida, uma alma. Por enquanto, parece um daquelas bonecas que imitam bebê. É uma graça, mas é de plástico.

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terça-feira, maio 11, 2010

ESTREOU O PIOR FILME DO ANO

Estreou um filme que parece estrapolar o "Índice Xuxa de Filme Ruim": Segurança Nacional. É uma tentativa bisonha de fazer um James Bond tupiniquim. No enredo, um grupo de traficantes arma um atentado contra o Sivam, sistema que monitora o tráfego aéreo na Amazônia. É ai que entra em ação um “agente secreto” interpretado por Thiago Lacerda, aquele ator que sabe fazer 845 expressões faciais – e todas são iguais. Assista ao trailer:



Ok, enxuguem as lágrimas de riso e me digam: qual é a droga que os roteiristas estão tomando? E em que país os produtores se basearam para criar a história? Sério, no Brasil é que não foi. Desde quando o Brasil tem um serviço de segurança que preste? ABIN? Todas as vezes em que a ABIN entra em ação é para fazer papelão – e seus agentes estão mais para velhotes estilo Itamar Franco do que galãs de novela.

E por que um traficante se daria o trabalho de atacar o Sivam, se é muito mais fácil soltar uma grana para meia dúzia de deputados e guardas de fronteira? Por umas cuecas de dinheiro a galera até vai buscar a cocaína na Colômbia. Mas o melhor é o presidente, interpretado por um Milton Gonçalves com pinta de Obama dos trópicos, dizendo “O Brasil nunca negociou com terroristas” É verdade. O governo não negocia, vai logo abrindo as pernas. PCC, Comando Vermelho e afins que o digam.

É engraçado, mas o trailer mostra caças supersônicos e soldados entrando em ação. Faltou dizer que os aviões da aeronáutica estão sucateados e mal têm combustível para voar. E os soldados estão muito ocupados levando as esposas dos generais para o teatro.

Os cineastas brazucas deviam desistir de inventar moda. Aqui ninguém saber fazer cinema de ação. Crianças, aprendam: cinema brasileiro é “Te amo, porra” . O resto é Tizuka Iamazaki.

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quarta-feira, maio 05, 2010

VOCÊ NÃO ODEIA “LOST“?

Faltam poucas semanas para Lost acabar. Aliás, já devia ter acabado. Lost é apenas um “Roque Santeiro” sem Regina Duarte: monopoliza a audiência e cria fãs doentes. A longa duração me obriga a maneirar no vinho para ter certeza de que estarei vivo para ver o último capítulo.

E não adianta dizer que se trata de “uma novela com mais pedigree”. O seriado tem tantos defeitos quanto as novelas de Janete Clair. Pra começar, convenhamos, o enredo é rocambolesco. Tem um rolo de fumaça com vida e viagens no tempo, algo tão improvável quanto uma empregada com a cara da Tais Araújo.

Para ficar idêntico só falta a Suzana Vieira fazendo o papel de perua. Tem também bebês trocados, sem falar no riozinho maneiro para os banhos sensuais a la “Pantanal” – de onde se conclui que o sucesso das ficções depende horrores do povo que vive a seco.

A vantagem é que você não comete suicídio social se admite que acompanha Lost, diferente de quem segue uma novela – a desculpa “ah, minha empregada estava assistindo” já não cola mais. Os fãs trocam teorias e links para download em uma ampla masturbação cultural.

De resto, Lost tem a vantagem de ser escrita com referências culturais mais elegantes do que as histórias do Walcyr Carrasco. Muito espectador se gabou de saber que Locke e Rousseau são sobrenomes de filósofos famosos. Mas ninguém assume que não leu nem a orelha dos livros deles. Eu assumo numa boa: não li. Mas fiz “a-haaam” quando me toquei da citação.

É para isso que serve a alta cultura pop, meus queridos: nos dar a falsa impressão de que somos superiores à escumalha das favelas e salões de beleza baratos. Pois é, mas não somos. Tentem ver mais filmes do Almódovar, quem sabe?

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