terça-feira, julho 27, 2010

STALLONE E OS MACACOS

O patriotismo mongo ataca novamente. Os tapuias não gostaram das piadinhas do Stallone sobre as gravações que fez no Brasil - "Você pode explodir o país inteiro e eles ainda dizem: Obrigada! Aqui está um macaco para você levar de volta para casa”’. Tem uma moçada revoltada com a frase. Unhééé.

Fato: Stallone errou. Nós não damos macacos como agradecimento. As lembrancinhas mais comuns são o moleque favelado pra adoção, um quilo de cocaína e o travesti. Aliás, é impossível alguém dar um macaco para o Stallone. Eles estão todos extintos por aqui.

De resto, a piada é divertida. Os que não gostaram mostraram a nossa tradicional falta de pertinência: um mero “Vou xingar muito no Twiiter”. Sim, colocar um assunto no trendig topics do Twitter deve ser a melhor forma de se manifestar. Se a Terra fosse invadida por alienígenas assassinos, a contribuição mais relevante dos brasileiros ao movimento de resistência seria um “Cala boca ET”.

Estranhíssima essa revolta nacionalista. Stallone foi até bondoso conosco. Conseguiu ver alguma educação em nosso povo, coisa que eu não vejo - “Obrigada” é uma palavra em extinção na fauna gramatical brasileira.

E já estão bolando um boicote ao filme. O que deve reduzir em 0,5% a renda total. Uau, como somos vingativos. Nós não nos incomodamos em viver numa terra violenta, estúpida e sem lei. Só nos incomodamos quando os outros percebem.

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sexta-feira, julho 23, 2010

DUPLAS SERTANEJAS E O CRIME INTERNACIONAL

Ainda bem que os alemães deram um tempo na idéia de invadir países. Correríamos um risco monstro de sofrermos um blitzkrieg depois da afronta ao patrimônio teuto-austríaco perpetuado por Chitãozinho e Xororó.

Os dois estão comemorando os 40 anos de carreira com uma idéia “genial”: misturar sertanejo com música erudita. O release é “animador”: diz que o evento, “histórico”, é “capaz de unir a Nona Sinfonia de Beethoven, Serenata de Schubert, Evidências e Fio de Cabelo em um mesmo concerto.” Tremei, terráqueos.

Só para deixar as coisas em perspectiva, a “Nona Sinfonia” é essa aqui. E “Fio de cabelo” é isso aqui, um clássico do cânone romântico, com um refrão inesquecível:

"Lembrei de tudo entre nós
Do amor vivido
Aquele fio de cabelo comprido
Já esteve grudado em nosso suor
"


Uma combinação perfeita, nota-se. Em uma escala de crimes culturais, misturar "Adágio" com sertanejo mela-cueca deve equivaler a mijar na Mona Lisa.

Sertanejos são criminosos reincidentes. Além de aterrorizarem nossos ouvidos com seus falsetes que rimam “coração” com “pedaço de pão”, eles ainda deixam descendentes para perpetuar a devastação. Wanessa Camargo e a duplinha Sandy & Junior são uma espécie de Exxon Valdez cultural.
Beethoven, comemore: você é surdo. E já está morto.

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terça-feira, julho 20, 2010

LIFE IN A DAY

O dia 24 de julho vai ser o paraíso dos “Wannabe” de cineastas. Vai ser o dia do projeto Life in a Day. Pessoas do mundo inteiro vão poder mandar vídeos que registrem um aspecto da vida neste dia em especial. Os diretores Ridley Scott e Kevin Macdonald vão editar os trechos mais interessantes e produzir um documentário experimental (céus, como tenho medo dessa palavra).



O projeto é bem legal, desde que se evite pensar na quantidade industrial de sub Gláuber Rochas que vão perder o sono para produzir o take-desfocado-cabeça-ideal. Aguardem toneladas de cenas sensíveis de favelas e garotas tatuadas e descabeladas caminhando ao lado da praia com ar de tédio. E aposto meu duodeno como vai pintar alguém lendo poesia concreta na cobertura de um prédio.

Eu diria que o maior problema da nossa civilização não é a violência nem a desigualdade. É o excesso de canais de expressão. Por causa deles as pessoas têm a ilusão de que contribuem para o mundo com “suas idéias”. Seria melhor que eles fossem para a África alimentar refugiados.

Cineastas uni-vos. O mundo NÃO precisa de vocês.
Apesar do que eu disse, é provável que eu mande algum vídeo. Se vocês notarem um take com um cara sapateando sobre um disco do Caetano Veloso é porque meu vídeo foi selecionado.

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terça-feira, julho 13, 2010

NÃO COMEMORE O DIA DO ROCK

Hoje, dia 13 de julho, comemoramos o Dia Internacional do Rock. É como cantar parabéns para aquele avô gagá que está pedindo uma eutanásia.
Já anunciaram a morte do rock* várias vezes. Nunca acreditei. Mas da última vez que ouvi uma banda emo eu pensei que desta vez tinham acertado.

Não há nada de errado em dizer que a música de hoje é uma bela merda. Quando eu era moleque os mais velhos também criticavam as minhas bandas favoritas. Cresci achando que rebeldia era ouvir música barulhenta, estúpida e ruim. Depois virei adulto e aprendi que melhor do que ser rebelde é amadurecer. A qualidade da bebida melhora muito. E você continua ouvindo música barulhenta, estúpida e ruim – só que com um corte de cabelo melhor.

As críticas foram educativas. Ser rebelde na adolescência faz parte do processo evolutivo. A gente acha que o mundo é um cocô e ninguém te entende. Depois cresce e tem certeza, mas aí já tem salário e férias pagas – que a gente usa para viajar e se sentir adolescente por 30 dias de novo. Quase funciona.

Claro, alguns não crescem nunca e se tornam o Hugo Chavez, ou o Serguei. Viram rebeldes profissionais. Perde a graça. Rebeldia tem data de validade. Por isso, ajude os emos a crescerem saudáveis. Critique-os. Ridicularize as bandas deles. Se der, espanque um deles. Acredite, no futuro eles vão agradecer.

*Não, o rock não morreu. Mas mandou avisar que de amanhã não passa.

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sábado, julho 03, 2010

DIÁRIO DA COPA 6: BRASIL 1 X SUKITAS 2

A derrota pode ser analisada com a ajuda de frases:

“A bola é um detalhe” – Felipe Melo

“Meu nome não é Robinho, é Zé Pequeno!” – Robinho ameaçando um zagueiro holandês.

“Eu deixei na mão de Deus. Lancei a bola para Ele na grande área, mas Ele não compareceu.” – Kaká, aprendendo que reza de bispa não resolve.

“Talvez, de repente, quem sabe, se eu botar mais um atacante...” – Dunga, 30 minutos DEPOIS do fim do jogo.

“Quem tava jogando?” – Mallu Magalhães.

“Vou torcer muito. Vou sentar em cima da vuvuzela e, aaaafe, não vou sair mais.” –Caetano Veloso antes do jogo.

“Aêêêêêê, o Brasil perdeeeeeu” –Angélica, lamentando o jogo em angeliquês.

“Eu sentei e chorei pela seleção, pelo fim do meu namoro, pela expansão do Universo e pelo novo disco do Fresno” – Emo demonstrando seus sentimentos no Youtube.

“E agora? O que eu vou fazer com essas 10 mil vuvuzelas?” – Comerciante arrependido por ter apostado no Hexa.

Bom, de volta ao trabalho. Como eu disse no meu Twitter, o pior é aturar a terapia em grupo com 190 milhões de pessoas que vão passar os próximos 4 anos analisando “Por que perdemos?”

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