sexta-feira, julho 29, 2011

QUEM PRECISA DO LINGERIE DAY?

A turma da mão cabeluda deve ter comprado um estoque extra de Prestobarba ontem. Tivemos mais um #lingerieday no Twitter. Você sabe o que é isso, né, Juquinha? Meninotas usando lingerie na Internet. Quanta ousadia, não?

A última vez em que eu vi gente excitada com fotos de lingerie foi nos anos 70: a molecada esperava o catálogo de sutiãs da Sears para ver uma coxa. Compreensível: a Playboy não exibia pelos pubianos. Vida dura, sobrinhos.

Parece uma coisa modernex, de gente antenada, certo? Mas, convenhamos, é apenas uma forma de marmanjos espinhudos verem na Internet o que não conseguem ver na vida real. Toda uma enorme mobilização só para ver os umbigos das pitchulinhas. Bravo! Mas, olha só: tá faltando cofrinho e dobra de peitinho? Vai pra praia, negada!

O que as meninas acham? "É massa". É a chance de realizar um sonho: fazer pose de ensaio da Playboy. E ficar com cara de “Brasileirinhas”. Nada melhor para elevar a auto-estima do que imaginar 30 garotos sebentos babando pelo sua foto. Um alívio sensual para essa manezada que passa 24 horas jogando Warcraft e "xingando muito no Twitter".

Mas o evento é bom negócio na busca por acesso. A leitora Barbiezinha explicou o fenômeno com  precisão: “É trocar centímetros (de pele) por centenas (de followers)". As pelancas da Gretchen comprovam: homens na secura transformam qualquer estria em sucesso. 

Meninas, parcelem as compras na Marisa e façam aquele biquinho de enjoadinha em cima do colchão da Marabrás. Força na estria, em breve tem mais. E por que você, garotão, ficaria fora dessa? Solte a pança com aquela tanga de crochê. O Caetano usou e adorou. Vambora fazer o #cuecãoday? Ou o #depijamacomendodoritosevendojosoares, que tal?

Sim, a Internet é cheia de modinhas. A última é imitar corujas. Maneiro, não é?

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terça-feira, julho 26, 2011

DEIXEM A AMY EM PAZ

Ok, Amy Winehouse morreu. Quer saber o que eu acho dela? Leia esse post aqui. De resto, mais triste que a morte é a cobertura do assunto.  Conservadores de plantão e apologistas da droga se debatem para ver quem tem mais direito de usar a falecida como mártir de suas causas.
De um lado, aquele povo que "precisa" alertar a juventude sobre os descaminhos dessa gente doida da música pop, com suas drogas, etc. Mas Keith Richards e Ozzy estão aí para dizer que os que morreram cedo fizeram, no mínimo, algo de errado – eu jamais gostaria de ser um zumbi balbuciante como o Ozzy, mas que ele esta vivo, esta.
Do outro lado, um povo afirmando que Amy tinha um estilo de vida próprio e que sua morte não tem nada a ver com droga. Só se esquecem de analisar o fato simples: morrer não é opção de ninguém. Amy não tinha “um estilo de vida” Tinha um problema de saúde.
Ninguém tem que dar opinião sobre Amy. Ela morreu, não aguentou o tranco. Ponto. Chamem os psicólogos para analisar o caso, mas evitem dar chutes para criar “lições” de vida ou moral. A livraria tá cheio e livros de auto-ajuda idiotas com esse tipo de material.
Na verdade, o pior mesmo é ver jornais e sites abrindo espaço para publicar os comentários de “celebridades”. A Folha de São Paulo trouxe pitacos de Pity e Preta Gil. Vejam só como estamos: usam a  Pity como referência de “artista rebelde” e Preta como exemplo de “cantora”. Céus, se Jim Carrey morrer quem vai comentar? Bruno Mazeo e Didi?
Tem gente mais podreira e escrota que a Amy que está cantando de profeta. Menos hipocrisia e sermão, por favor.

Lembrando: Mozart e Beethoven também eram da pá virada. Se não eram overdoses ambulantes como Amy, também nunca foram as pessoas mais sãs do mundo. Vão usá-los como exemplo de moral, também?

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sexta-feira, julho 22, 2011

BODES, CABRAS E UM JOÃO KLÉBER


Sobrinhos, me digam: em que planeta você selecionaria (para qualquer coisa, entendam) gente do naipe de Marlon, Dinei e Valesca Popozuda? A 4ª edição de “A Fazenda” esta subvertendo a ideia de “selecionar candidatos”: é como criar um vestibular e escolher os últimos colocados.
Nem no Animal Planet você vai encontrar uma seleção de animais mais estúpidos do que esses. A Fazenda consegue ser pior do que BBB: são subcelebridades que acreditam que JÁ SÃO famosos. Misericórdia...
Quem é Duda Yankovich, meu Deus? E como assim, Gui Pádua? De que rodapé da Revista Caras saiu essa escumalha de modelos e ex-namoradas? Se fosse um boi eu estaria indignado em ser coadjuvante desses quadrúpedes.
E esta edição nos fez o favor de reviver o “humorista” (descrição que li em um site) João Kléber, que há anos se refugiou em Portugal (se você tinha dúvidas sobre a inteligência dos portugas talvez essa seja a prova definitiva). E estão chamando Bruna Surfistinha de “escritora”. Ok, e Cumpadre Washington é o quê? Poeta?
A Fazenda consegue a façanha de ser uma competição em que o mais escroto sai vencedor (Dado Dolabella ganhou a primeira edição, preciso dizer mais?). E dessa vez temos novas regras para evitar que os barraqueiros sejam eliminados mais cedo. Estão até trazendo alguns ex-participantes “da pesada”. Monique Evans já esta de volta ("geeenteemmm..."). É como premiar presidiários por mau comportamento.
Quem é o melhor dessa turma? Putz, sei lá. Posso votar em um porquinho?

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terça-feira, julho 19, 2011

EU SOBREVIVI À ESTRÉIA DO NOVO HARRY POTTER

O cinema é mesmo incrível. Faz a gente esquecer que é um animal racional. Quando vi Titanic tinha gente torcendo para o navio não bater no iceberg. Juro. O navio ia virando para escapar da batida e neguinho ficava gemendo: “Vai...vai...” Deu vontade de gritar “Vai pra onde, cara pálida? Não te contaram que morre todo mundo!?
Fãs de Harry Potter também curtem perder a cabeça. Eu nunca fui fã do bruxinho. Na primeira vez em que me falaram para ver um filme cheio de gente com “varinhas mágicas”, eu pensei que era um filme pornô. Mas topei ver a estréia do último episódio. E sobrevivi. Não sei como.
Duas horas antes do filme começar já tinha umas 30 pessoas na fila. Um povo esquisito com capas e cachecóis num dia de 20 graus centígrados. Em meia hora a fila ficou abarrotada. 15 minutos antes da sala abrir, duas garotas na minha frente davam pulinhos: “Vai abrir, vai abrir!” Crianças de 10 anos? Não: elas tinham pelo menos 20 anos.
Quando o bilheteiro liberou a passagem, todo mundo saiu correndo, gritando e atropelando, como touros espanhóis. As pessoas se estapeavam para escolher o melhor lugar. E durante o filme, um festival de gritinhos ansiosos de gente torcendo, mesmo sabendo a história de cor. “Vai...vai!” Deviam ser filhos daquele pessoal que viu o Titanic e se surpreendeu.
Os fãs choram ao ver o filme. De soluçar. Uma senhora do meu lado (60 anos, no mínimo) fungou por uns 40 minutos. É legal descobrir que filmes ainda emocionam as pessoas. O povo aplaudia, vibrava. Só estranhei quando vi gente perguntando “O que vou fazer agora, depois do fim da saga?”. Sei lá. Que tal, tipo assim, “viver”?
Entranhei um bocado os personagens, mas curti. É tudo meio esquisito. Os professores da escolinha são feios, velhos e deformados. E, mesmo assim, são professores mais normais do que aqueles que eu tinha quando era moleque. E os personagens andam de vassoura! Por que não usam um aspirador? Ou, sei lá, um vaporetto?
Eu entendo o sucesso de Harry Potter. Ele leva mesmo as pessoas a um mundo de fantasia. Imagine: um bando de adolescentes no auge dos hormônios e ninguém dá nem uma pegadinha? A platéia urrou entusiasmada quando uma dupla de bruxinhos se beijou – finalmente, depois de 7 FILMES! Na vida real os dois já estariam no 3º aborto.
Ah, e finalmente vão fazer uma versão pornô de Harry Potter. Com tantos anões, varinhas e animais “mágicos”, eu acho que até demorou para alguém sacar a ideia. Estou louco para ver. Talvez aí eu entenda alguma coisa.

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sexta-feira, julho 08, 2011

TRATE FUNKEIRO COMO BEBÊ

Educar crianças não é difícil, basta ser firme. O nenê vai botar cocô na boca? A gente fala "não, nenê! Cocô fedido!” Ele quer brincar com fósforo? Diga “não, nenê,  faz dodói!” O nenê roubou a comida da amiguinha? Dê um tapinha na mão e diga que isso é “feio, muito feio”.
Crianças com 3 anos entendem esses comandos. Logo, acho que dá para ensinar esse povo lesado a usar fone de ouvido para ouvir funk, confere? Vamos tratar esses mongos como crianças, talvez funcione. Afinal, se eles são capazes de colocar esse lixo nos ouvidos, não duvido que eles também topem meter cocô na boca.
Vamos ajudá-los. Na próxima vez que pintar um infeliz ouvindo aquela música que mistura batuque de macumba com voz de araponga, lembre-se do tapinha educativo: “Feio, nenê, ouvir funk sem fone é feio!”

O playboy tá passeando de Mercedes conversível ao som de “Rap das armas”? Quer mostrar que é rico mas, tipo assim, entende a cultura das bases? Bom, aí parta para o chute na lanterna. “Feio, nenê, muito feio. Vai ouvir Funk em Maresias, nenê!” Tem gente que não saca esse lance de tapinha, manja?
E vamos deixar claro: não é nem preconceito com funk. É que eu nunca vi alguém ouvindo Mozart sem fone. Logo, deve ser uma falha cognitiva mesmo. Lembrando: o walkman foi inventado há 32 anos. Nem assim esses putos aprendem. 
No Facebook tem a campanha “Doe um fone de ouvido para um funkeiro”. Eu concordo e assino embaixo. Mas se não resolver, acho melhor partir pro tapa mesmo.

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quarta-feira, julho 06, 2011

VOCÊ ODEIA O CHICO BUARQUE?

Chico Buarque teve um susto: descobriu que na Internet existem fariseus que não gostam dele. Felizmente, Zeus mostrou seu bom humor e riu do fato nessa entrevista aqui. Chico é uma exceção. Se fosse Caetano já estava ateando fogo na roupa.
As pessoas não odeiam Chico. Nem eu. Pelo contrário, gosto de sua obra. Mas para mim, não existem vacas sagradas. Só que por aqui achamos que celebridades devem ser idolatradas sem restrição. E elas se assustam quando encontram alguém que não concorde com elas.
Talvez, se não houvesse essa divisão entre “eles” e “nós” o povo não mostrasse "seu ódio". Estamos  apenas fartos de tanta lambeção de saco. Não só no Chico. Mas em todos os ídolos intocáveis que são aplaudidos até quando arrotam.

O que parece ódio é apenas um rebote de uma opinião contrária que esta represada na garganta. Afinal, no Brasil é heresia falar mal de ídolos. Você conhece essa história: o cineasta lança um filme bisonho sobre suas lamúrias existenciais de filho de banqueiro. E aí o público simplesmente acha o filme um lixo. A culpa, claro, é do público, que ODEIA o cinema brasileiro e só gosta de “lixo hollywoodiano”.

Acho que é herança genética dos índios que faziam salamaleques aos portugueses que vieram para nos colonizar. Temos tendência a idolatrar qualquer um que suba um degrau. Estou para ver uma biografia que conte podres reais de celebridades. Até o nosso jornalismo marrom brasileiro é meio bege. Falta culhão em Pindorama.
Acho que nunca vou ver um filme como Ray, que mostra o mestre do soul como ele é: genial, mas cheio de defeitos e culpas. Por aqui, biografias em filmes são sempre feitas naquela toada baba-ovo, tipo “Lula, filho do Brasil” ou “2 Filhos de Francisco”: os personagens são sempre puros, imaculados. Seria melhor que nossos “deuses” fossem como os da mitologia grega: mesquinhos, pulhas, falhos.  Humanos, enfim.
Como reverter esse quadro? Simples: exponham os podres de João Gilberto. Mostrem as canalhadas de Gláuber Rocha. Comentem as falhas do Zé Celso. E falem mal do Chico. Mesmo que ele não mereça. Quanto mais espinafrarmos as vacas sagradas, mais saudável seremos. Porque plebe que tem medo de falar mal dos reis não tem futuro. 

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sexta-feira, julho 01, 2011

POR QUE EU NÃO QUERO UM IPAD (AINDA)

Quando inventaram o cinema falado, um “gênio" alertou: “Vai ser um fracasso, as pessoas não vão mais poder dormir no cinema!” Penso nesse cara toda vez em que aparece alguém querendo ser visionário. Gente que adivinha o futuro costuma falar muita bobagem. Ok, dizem que o Ipad é o futuro. E dessa vez acredito que os visionários acertaram. O problema é que esse “futuro” me assusta. Por quê? Cito duas cenas reais:
Supermercado, oito da noite. Na minha frente na fila do caixa, um clone da Fernanda Young, com aquela indefectível cara de cu, fuça no seu Ipad enquanto espera com ar blasé a operadora passar as compras. O que ela estaria fazendo de tão importante no aparelinho? Trabalhando? Não: jogando Farmville. As cenouras não podiam esperar cinco minutos? Aparentemente, não.
No dia seguinte, vou a uma padaria. Ao meu lado, senta-se um sujeito que parecia ter tirado sua roupa do catálogo do “publicitário moderno”: camisa quadriculada, munhequeira, piercing e óculos escuros gigantes – corto meu pulso se ele não era “produtor” ou “designer”. O cara não desgrudava do maldito aparelho nem para pegar pão de queijo. Lia como se estivesse descobrindo o sentido da existência. Sartre? Tolstoi? Não, Revista Caras.

Excesso de conectividade não nos transforma, necessariamente, em pessoas mais produtivas ou inteligentes. Pode nos deixar mais boçais e fúteis. Shakespeare não tinha nem uma máquina Olivetti para escrever. Se usasse um computador talvez ele tivesse perdido o tempo jogando paciência. Não sei.

Não embarco fácil em novas manias. Aposto que na Alemanha da década de 30 muita gente viu aquela molecada loira com um braço levantado e suástica no peito e achou que fosse a nova onda. 10 anos depois eles descobriram que nem toda “nova onda" é uma boa. Talvez o sujeito que inventou a roda se arrependesse da invenção se descobrisse as barbaridades que fazemos no trânsito hoje.

Eu sei, o iPad é sen-sa-ci-o-nal, posso ler livros do mundo inteiro, etc. Eu vou acabar comprando um. Mas não sou do tipo que adere a qualquer novidade logo de cara. Sou geneticamente cético. Demorei um pouco para ter celular, twitter, etc. E, mesmo assim, já falei muito mal deles neste post e neste aqui. Prefiro que todos sigam bovinamente a nova mania. Se não resultar na Polônia invadida, ai beleza, eu embarco.

A vídeo do pandinha espirrando é fofo. Mas eu não preciso vê-lo na fila do banco, certo? 

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