sábado, dezembro 31, 2011

PARA DAR ADEUS A 2011

2011 acabou. As pessoas me desejam "muita energia para 2012". Queridos, seu eu quisesse energia eu iria a uma padaria e comprava um pacote de Duracell. Desejar “dinheiro, sucesso e vida eterna” é mais legal.

Também não adianta me desejar um ano novo de muita saúde, pois pretendo seguir a tradição de excessos e passar as festas enchendo o bucho de comida pesada e vinho. Lamento.

E como eu gosto de seguir tradições de fim de ano, aqui vai uma retrospectiva tosca de 2011, com base em alguns textos do meu Twitter: 

Política
-O Peixe Urbano tá com uma promoção incrível: "Rodízio de Ministros". A Dilma já comprou.

-Tiririca indicado para Comissão de Educação e Cultura. Agora falta indicar Maluf para a Comissão de Ética. 

Música
-Amy Winehouse. No pó viveu, ao pó retorna.

-Cheiro dos banheiros incomoda fãs do Rock in Rio. Duvido que o cheiro seja pior do que o show do Ed Motta. 

Revoltadinhos (na USP e em Higienópolis)
-Polícia que prende alunos é "repressora". E alunos que atiram pedra em jornalistas são o quê? Cartas para a redação, please.

-Churrascão da gente diferenciada juntou 300 pessoas. Sem susto: povo de Higienópolis deve ter o mesmo número só de segurança. 

Celebridades
-Rafinha pede demissão da Band. A Wanessa Camargo também podia pedir demissão da música. Mancada por mancada, as dela são piores.

-“É possível ter prazer anal", diz Sandy. Sei. Deve ter aprendido com o irmão. 

Mundo
-No Japão é necessário uma onda quilométrica para inundar o país. Aqui bastam 20 minutos de chuvisco.

-Times: "Cai ditador do Egito". Folha: "Mubarak renuncia". Caras: "Suzana Vieira mostra seu apê". 

TV
-Hoje começa "A Fazenda". Nem no Animal Planet você vai ver tanto animal estúpido junto.

-Ver BBB é como observar um aquário: cabeças de bagre sem roupa zanzando em um cubículo e brigando por comida.

Sobrinhos, feliz ano novo. Desejo um 2012 livre de Caetanos, Mallus e  Pretas. Não custa sonhar, não é?

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quinta-feira, dezembro 22, 2011

REDEFININDO O NATAL

Natal é como cerimônias de casamento e formaturas: são eventos importantes, cheios de significados, mas potencialmente bregas. A gente  fica com a sensação de que a Hebe Camargo está por trás de tudo.

São Paulo, por exemplo, desde o fim de novembro virou uma filial de Las Vegas. A cidade foi invadida por zilhões de lampadinhas piscantes. É engraçado, mas aposto como tem muito ambientalista que está gastando meia Itaipu para iluminar suas 856 luzinhas paraguaias da sala.

A trilha sonora da época já foi pior. Os supermercados estão evitando a piada fácil de tocar Simone. Mas insistem em resgatar velhas músicas de Frank Sinatra, com letras datadas sobre tobogã e lareiras. Gosto do Frank, mas toda vez em que eu vou a um Shopping Center e ouço esse tipo de música tenho a sensação de que o Amaury Jr vai pular na minha frente com uma taça de champagne na mão.

E tem essa estranha sensação de suar debaixo de um calor de 40 graus e ver neve, renas e o Papai Noel encapotado nas vitrines. Está na hora de acertarmos geograficamente o Natal. Papai Noel poderia vir de bermuda e chinelos. Eu acharia mais coerente. Aliás, seria legal avisá-lo para não perder tempo procurando chaminés nas casas. O risco é ele entrar em alguma chaminé de Cubatão e terminar no hospital com alguma infecção pulmonar.

Na verdade, a lista de elementos ridículos do natal é longa. Envolve “Ana Maria Braga de toquinha natalina” e, claro, “lista de presentes de amigo secreto”. A Folha de São Paulo publicou a dela. E, pasmem, sugeriu o disco eletrônico da Gal Costa, além dos novos trabalhos de Marcelo Camelo e Mallu Magalhães. Se eu desse presentes desse naipe, não seria convidado nem para bingo.

Enfim, já que as contra indicações são inevitáveis, me resta agradecer para o santo que inventou o chocotone. Nada como chocolate e gordura hidrogenada para aliviar a barra. Feliz natal para vocês, leitores. Podem abusar do chocotone. Eu recomendo.

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sexta-feira, dezembro 16, 2011

OS MELHORES E PIORES DO ANO.

Fiz uma lista dos melhores e piores do ano para o site Fábrica de Quadrinhos. Replico a lista logo abaixo. Assim você termina o ano com a deliciosa certeza de que o ano teve muito mais destaques degradantes do que memoráveis. 

-Melhor Coisa Pra Se Ver no Cinema:
“Um Conto Chinês” - argentinos mostram como se faz um filme bacana sem torrar nosso saco.

-Pior Coisa Pra Se Ver no Cinema:
“Saga Crepúsculo, Eclipse” vampiros fashion envergonham Vincent Price. 

-Melhor Coisa Pra Se Ver na Tevê:
"Big Bang Theory” - quem diria... ciência, nerds e humor juntos! E isso funciona.   

-Pior Coisa Pra Se Ver na Tevê:
“A Fazenda” e “BBB”ambos atingiram um inédito nível de mediocridade. 

-Melhor Coisa Pra Se Ouvir: 
“Sparkler”, Ringo Deathstarr - meu rock é assim: simples, bronco, ruidoso, viajante e sem frescura. Camelo, aprenda! 

-Pior Coisa Pra Se Ouvir:
 “Recanto”, disco eletrônico da Gal Gosta - A piada de mau gosto do ano. 

-Melhor Coisa Pra Se Ler:
“Guia politicamente incorreto da América Latina”, de Leandro Narloch - Por quê? Porque adoro quem chuta a canela do senso comum. Sendo justo ou não. 

-Pior Coisa Pra Se Ler:
Qualquer livro com monge, padre ou Ana Maria Braga na capa.

-Melhor Momento:
Povo se manifestando contra ditadores e crises. Mas só lá fora. Por aqui só rola “manifestação umbigo” de aluno da Usp.

-Pior Momento:
Maria Bethânia tentando descolar grana com um blog. 

-Melhor Vídeo no YouTube:
Tiozinho argentino enlouquece vendo jogo de futebol.

E você? Tem a sua lista? Deixe nos comentários! Deve ter mais lixo que eu acabei esquecendo.

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quarta-feira, dezembro 14, 2011

SEJA ESCALPELADO POR 500 REAIS

Não me lembro qual foi o último grande show que eu vi. Ando me recusando a ir nesses eventos. Sou um dos poucos brasileiros que não têm manha para descolar uma carteirinha falsa da Une para garantir uma meia entrada. Pode me chamar de bundão, se quiser.

Como não tenho carteirinha, não acho legal pagar 350 pilas para ver um show que o filho de banqueiro vai ver pela metade - só porque é estudante. E tem o lance da idade. Depois dos 40, tomar pisão e ficar 8 horas sem poder ir ao banheiro deixa de ser divertido. A gente fica meio exigente – Vinho Chapinha, por exemplo, nunca mais.

Os empresários reclamam do custo Brasil. Fazer show é caro mesmo. Mas aí eu lembro que esses shows têm sempre uma área vip, que é reservada para os Hucks e Angélicas ficarem bebericando champagne. De graça. E sem gostar da banda. O Huck poderia pagar os 500 paus e levar a bebida de casa, certo?

Lollapalooza? O ingresso mais barato custa 300 pilas. Eu só conheço meia dúzia de bandas. Desanima. Mas aposto que a Ana Maria Braga vai ganhar ingresso. Ela, que é LOU-CA por Foo Fighters, né?

Mas o pior é quando acontece isso aqui: João Gilberto anunciou show em São Paulo. O ingresso mais barato era de (pasmem) 500 pilas. E aí, cancelaram o show. Pior: quem comprou o ingresso vai receber a grana de volta em 3 prestações, sem a taxa de serviço. É isso aí: o cara é extorquido à vista e é reembolsado a prazo. E nada de explicações.

Agora, calcule aí, Juquinha: 500 paus para ver um circo com 30 malabaristas e 80 palhaços, vá lá. Mas pagar 500 reais para ver um cara no palco com um violãozinho? Putz, quanto custa o uisquinho do João?

Além disso, pagar para ver João Gilberto é uma atitude de risco. Ninguém garante que o cara não vai ter um chilique e abandonar o palco porque alguém tossiu na 23ª fila. Melhor é vê-lo em DVD. Custa pouco. E a chance dele parar o show é nula.

Se é para ver patinho fazendo quem-quem, prefiro o sofá de casa.

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terça-feira, dezembro 06, 2011

QUANDO O CINEMA PERDE A PRETENSÃO

Sabe toda aquela pretensão que eu crítico em 90% dos filmes brasileiros?  Aquela mania de tentar explicar a vida, o universo e o embate social com dois teoremas de Pitágoras por cima? Então, os argentinos parecem não sofrer muito desse mal.

Comprove vendo “Um Conto Chinês”, filme dirigido pelo argentino Sebastián Borensztein (larga a mão de ser bairrista, Juquinha!) que ainda esta passando em alguns cinemas do país. Se não der para ver em tela grande, alugue o DVD (prometido para este mês). Mas veja. O trailer dá uma ideia de como o filme vale a pena:



Um Conto Chinês consegue ser uma comédia divertida e sensível. Fala de tolerância, vida, solidão e toca em feridas nacionais (Guerra das Malvinas) sem fazer discurso. O que por aqui é uma raridade. Salvo poucas exceções, comédia nacional tem que ter Bruno Mazzeo, Ingrid Guimarães e um travesti caricato, senão ninguém lança. Ou então é um manifesto sem graça de alguém querendo impressionar os amigos do curso de cinema.

Quando é que a geração Daniel Filho vai aprender?

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sexta-feira, dezembro 02, 2011

FUJAM! AÍ VEM A GAL COSTA ELETRÔNICA

Corram para as montanhas! Escondam seus filhos! Furem seus ouvidos. Vem aí o lançamento mais bizarro dos últimos tempos: um disco de música eletrônica de Gal Costa! E quer mais? O disco foi INTEIRAMENTE escrito e produzido por Caetano Veloso! Ok, ok, pausa para você respirar.

Sim, sobrinhos, é isso que acontece quando medalhões não dão mais no couro: eles se metem a fazer “reinvenções”. Bancam o camaleão para mostrar que estão “antenados” com as novas tendências. Os “deuses” da MPB são craques nesses micos. Gilberto Gil descobriu o punk quase uma década DEPOIS que o movimento foi lançado - lembram de “Punk da periferia”? Pois é.

O disco promete. Um álbum que vai ter faixas com nomes como “Autotune autoerótico” e “Miami maculelê”, uma homenagem ao funk carioca (sério), não pode ser comum (não estou inventando os nomes, pode acessar o link ali em cima se você não acredita!). E lendo a matéria, a coisa vai ficando pior: “O disco é uma extensão do Tropicalismo”, diz Gal. Deus tenha piedade.

Apelar para o tropicalismo, esse cadáver insepulto da cultura nacional, é um truque barato para conquistar turistas e ouvintes deslumbrados. Lógico, essa mistura indigesta vai ser vendida como um produto “ousado”: “O trabalho tem uma carga de agressividade estética e temática que é de ponta”, diz Caetano. Regurgitar tropicalismo é mesmo revolucionário, não é, sobrinhos?

Caetano entende tanto de música eletrônica quanto eu de neurologia. E Gal Costa, que adora fazer regravações para remoer o exaurido repertório da MPB, é tão ousada quanto uma freira no carnaval. Quem vai ser o próximo a se reinventar? Deixa eu adivinhar: Maria Bethânia vai lançar um disco de axé, certo?

Como vingança, podíamos convocar Fatboy Slim e Chemichal Brothers para lançar discos inspirados na MPB. Quem sabe assim esses coroas param com essa mania besta?

Céus, cadê esse fim do mundo que não chega??? 

PS: os links em Fatboy Slim e Chemical Brothers foram colocados para mostrar aos desavisados como se faz música eletrônica  DE VERDADE.

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