sexta-feira, março 30, 2012

DITADURA DO GOSTO É COISA QUE NÃO EXISTE

Ninguém é obrigado a detestar uma coisa apenas porque alguém diz que ela é ruim, certo? Mas e se a gente invertesse as coisas? E se você fosse obrigado a gostar de algo nitidamente medíocre apenas para não ofender o gosto vigente?

Se orgulhar do suposto “bom gosto” que você tem é babaquice. Mas se orgulhar do mau gosto também é de lascar, convenhamos. Pois existe por aí um movimento disseminado em redes sociais que trata o mau gosto como se ele fosse uma bandeira de autenticidade.

É gente que defende o direito de gostar de BBB. Que acha legítimo ouvir funk carioca orgulhosamente sem fone. Que considera “inspirador” a Época estampar Michel Teló na capa como símbolo dos “valores da cultura popular”. É um povo que diz se defender da “ditadura do gosto”.

Crianças, a ditadura do gosto não existe. Você tem o direito de gostar do que quiser: funk carioca, Calcinha Preta, etc, não importa. Você só não tem o direito de esfregar o seu mau gosto na fuça dos outros. É uma lei de decência social.

Por exemplo: tem gente que gosta de comer cocô. Mas, por uma questão de educação, eles curtem o fetiche em casa e não na sua frente, na mesa do restaurante. E se você encontrar um desavisado apreciando um prato de cocô na mesa ao lado é seu dever cívico pedir para o sujeito se retirar.

Inundar o Facebook e o Twitter com notícias sobre a final do BBB, com as últimas novidades do Luan Santana, ou algum Trend Topic sobre o Restart equivale a comer cocô em praça pública. Tenha mau gosto. Mas não se orgulhe dele, ok?

Eu adoro filmes idiotas. Tenho surtos de nostalgia do tecnopop mais deslavado dos anos 80. E também me amarro em Doritos Nacho. Assumo tudo isso numa boa. Mas não imponho meu gosto a ninguém. Não obrigo ninguém a ver “A última despedida de solteiro” ou ouvir “Soft Cell” em casa. Nem sirvo Doritos na ceia de natal. Eu me contenho.

Os maços de cigarro trazem foto de gente com câncer para lembrar o fumante dos riscos que ele corre ao consumir o produto. Pois eu acho que trolhas como o BBB deveriam vir acompanhadas de fotos de pessoas com morte cerebral para avisar os espectadores do risco que correm.

Aliás, ontem teve final de BBB. Ok, você ficou acordado para ver. É direito seu ver a bagaça. E é meu dever avisar que você está com cocô nos dentes. É apenas um gesto educado, saca?

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terça-feira, março 27, 2012

SOMOS UMA GERAÇÃO MIMIMI.

Já fiz essa pergunta aqui: a partir de que momento nós viramos essa civilização mimimi, cheia de frescura, hein, meus queridos? Nossos antepassados, que descolavam o almoço a flechadas, devem estar morrendo de vergonha.

Eu me senti aliviado ao encontrar esse velho vídeo de Louis C.K. (não tinha visto, não, e daí?), grande humorista americano que poderia dar uma aula para nossos conterrâneos de como REALMENTE fazer stand up. Em uma ótima entrevista, ele reclama dessas pessoas que estão infelizes com tudo. Ou seja, todos nós. Se ainda não viu, veja, que é bacana:


Ok, não vou dizer que tudo é maravilhoso. Colonoscopia ainda é uma merda. E a tv a cabo no sábado de manhã é de chorar. Mas concordo que evoluímos a um nível incrível de conforto e praticidade. Poder jogar Tetris na fila do banco é uma comodidade incalculável para quem um dia jogou Telejogo achando que era uma coisa do outro mundo.

Estamos bem, cazzo. Seu tataravô daria um dedo para ter leite pasteurizado. Ou para não ter que esperar um trimestre para receber uma mísera carta. Daí que eu não entendo quem se comporta como se fosse o dia do juízo final quando o Twitter sai do ar. Merecemos umas chineladas.

E podíamos não afrescalhar mais a as coisas, não é? Sommelier pra vinho é ok. Harmonização de cerveja é quase aceitável. Cachacier já é viadagem. Mas sommelier de água é a puta que pariu, né?

Drama queens e esses defensores da vida perfeitinha têm mais é que voltar pra selva e fazer extração de siso sem anestesia pra ver o que é bom.

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quinta-feira, março 22, 2012

O NOVO FRACASSO DA PRETA GIL

Titio Walter sabe que é um cretino por ter deixado o blog sem atualização. 30 dias sem comer cup cake como castigo. 

Roberto Justus já gravou um cd de covers. Ana Maria Braga escreveu um livro. Engraçado, mas quanto mais anódina é a celebridade, mais desespero ela tem em mostrar uma versatilidade que, na verdade, não possui. 

A “obra paralela” desse tipo de gente é quase sempre medonha  (ouviu o cd do Justus ou leu o livro da Ana? Pois é, nem eu tive coragem). Mas ninguém supera a minha velha amiga Preta Gil.

 Os cinemas estão exibindo o filme Billi Pig, estrelado por Selton Mello (vulgo “Michael Caine nacional” – ele está em todos os filmes). Billi Pig é a estreia de Preta Gil no cinema – é um papel bem secundário, diga-se. Ninguém deu muita trela para isso. Todas as resenhas de grandes veículos falaram do filme sem citar UMA LINHA SEQUER à participação da “cantora” (pode checar, se quiser). 

Mesmo assim, Preta saiu por aí trombeteando sua estreia como um acontecimento equivalente a Moisés trazendo os 10 mandamentos. “Cheguei no cinema para ficar e não quero mais sair.” Diz ela. Ou seja, vai dar merda. 

Preta sempre “chega para ficar”. E não fica. Ela já tem na lista várias estreias que não vingaram: teve programa de tv, foi atriz de novela e até interpretou um travesti no teatro. Incrível, mas ela nunca deu uma “segundinha”. 

Seus discos nunca venderam bem. Mas ela agora faz sucesso com seu show,  “Noite Preta”. Ela interpreta um repertório “eclético” (eufemismo para “falta de personalidade”) de OUTROS cantores. O sucesso do show  diz muito mais sobre a mediocridade da plateia do que do suposto talento da cantora. Sério, quem são esses caras que pagam para ver Free Willy sacolejando ao som de músicas de Maria Bethânia e afins? Sério, quem são eles, meu Deus??? 

Se seguir sua sina, o filme vai ser um sucesso, mas ela não volta mais a fazer cinema. E aí fica a pergunta: o que vai sobrar para ela fazer? Stand up? Como ela só faz sucesso com o talento dos outros, ela poderia dar um show citando as piadas que todos nós criamos sobre ela no Twitter e no Facebook, que tal? 

Não dou nem 6 meses para ela estrear uma exposição de quadros. Ou lançar um livro de poesia.

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quarta-feira, março 07, 2012

O NOVO GENÉRICO DA BRITNEY

Já existe remédio genérico para quase todo tipo de doença. Até para cantora medíocre. A solução para esses casos é bancar o genérico da Britney Spears. Envolve pintar o cabelo e cantar músicas em inglês com contexto pseudo-sensual provocativo - mas que só engana adolescentes  que ainda estão descobrindo os próprios hormônios.

Depois da Wanessa Camargo,  Kelly Key  é a nova cantora monga a seguir o tratamento. Dê uma olhada no seu novo vídeo, “Shaking”:

Gostaria de fazer algumas perguntas aos responsáveis pela coisa toda. 

1- Sejamos sinceros: quem teria esperanças de fazer uma balada bombar com Kelly Key no posto de DJ, como mostra o vídeo? 

2- Quem disse que “edição nervosinha” é sinal de modernidade? O editor do vídeo tem algum problema mental ou apenas cheirou um container de cocaína? 

3- Entendo que é preciso encher o vídeo com gente dançando para evitar que as pessoas notem a ruindade da música. Mas TODO MUNDO tem que dançar com cara de invocado e repetir esses passos de avestruz? Ninguém nunca teve outra ideia? 

4- Aliás, em que sauna você gravaram o vídeo? Por que todo mundo está suando como cavalo em dia de turfe? É “style” ou faltou verba para o ar-condicionado? 

5- Don´t stop shaking”: grande refrão, hein? É uma palavra de ordem para epiléticos ou eu perdi algo da “mensagem”? E a melodia foi criada por quem? Por um macaco com um xilofone? Ó: simplesmente ge-ni-al.

6- E quem foi o gênio que convenceu Kelly Key a cantar em inglês? É para conquistar o mercado internacional ou para impressionar os frequentadores de baladas tecno-deslumbradas de baixo orçamento? 

O tratamento com a Wanessa Camargo não deu muito resultado. O povo só lembra dela por causa do caso “Rafinha”. Abra o olho, Kelly. Saia na Playboy de novo, antes que seja tarde demais

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sexta-feira, março 02, 2012

BBB É A NOVA SOCIOLOGIA DE BALCÃO

Tem gente por aí com complexo de Sérgio Buarque. Que banca o Roberto DaMatta do Twitter. É gente que, sério, tenta entender o Brasil, e por tabela, todos os seres humanos, por meio do BBB. É mais ou menos como pedir uma porção de camarão empanado e tentar analisar a vida marítima.

Não vejo essa bagaça nem sob ameaça de castração. Mas não dá para fugir do “debate”, que invade as redes sociais e as mesas do bar. Não consigo entender esse povo indignado com o comportamento de alguns dos competidores. O alvo atual é a tal da Renata, apontada como a vadia da vez (e vadia é o xingamento mais leve que rola por aí).

Reclamam do seu comportamento piriguete, pegadora, etc. Tem mulher reclamando que ela “ofende a raça”. Queridas, se mulher pegadora “ofende a raça”, então a Deborah Secco nunca mais vai estrear uma novela na vida. Que tipo de machismo encruado é esse, meninas? Ou é apenas vergonha daquilo que, no fundo, todo mundo gostaria de fazer, mas não faz porque "tem gente olhando”?

E tem homem reclamando do comportamento “vulgar” de alguns BBBS. Estão dizendo que essa edição bate recorde em baixaria. É como pegar filme pornô e reclamar “da falta de historinha”. “Essas pessoas mostram que o Brasil não tem mais moral e respeito”. Jura? E a gente já teve tudo isso um dia?

Sejamos honestos: o que vocês esperavam do programa? História de amor e discussões sobre fé, ética e bons costumes? A ideia básica do programa é pegar um bando de bagual, enfiar em uma casa com roupas mínimas e dar álcool à vontade. A opinião pública ficou horrorizada com a possibilidade de ter rolado um estupro lá dentro. Para mim, o milagre é esse estupro só ter rolado na 12ª edição.

Querem ver pessoas trancafiadas dando exemplo de comportamento? Vão para um monastério, cazzo. Esperar que BBB  revele algo sobre o seres humanos é como torcer pelo mais bonzinho no boxe, esporte cuja graça é emular arena de gladiadores. É como ver corrida de stock car e acreditar que "ninguém vai bater". Ou acreditar que um dia a Preta Gil vai aprender a cantar. Enfim, não vai rolar, né?

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