terça-feira, outubro 23, 2012

CADÊ A MAMADEIRA?

Vão dizer que eu estou pegando no pé da moça. Quer saber? Caguei pra isso.

Desculpem, mas vou falar na Mallu Magalhães de novo. É que não dá segurar a vontade de rir ao ver a notícia de que a guria chorou no palco do Festival Planeta Terra diante de problemas técnicos. Tem vídeo da cena, olha aí:



É engraçado porque tem um monde de gente elogiando, dizendo que ela cresceu, virou mulher, está mais madura, etc. E aí, na primeira encrenca, ela chora. Francamente, meus amigos.

E aí vem esse monte de baba ovo com esse papo de que é sinal de sensibilidade, de alma poética. O cazzo, Juquinha. Adulto que chora diante de qualquer problema é só mimado. Sensível era Fernando Pessoa. Isso aí é mimimi. Faltou uma mamadeira e um gutchi-gutchi no gogó para ficar calminha.

O engraçado é ouvir que “o som estava ruim”. Para mim, o som dela sempre esteve “ruim”.

PS 1: Não deixe de ver o vídeo. Note como é ruim ver a guria cantando. E preste atenção na plateia. Tem uma mulher que grita histericamente: “linda!” Cruzes.

PS2: Imagine pagar 340 pilas para ver esse show. Eu é que chorava.

Marcadores:

sexta-feira, outubro 19, 2012

PARA DORMIR NO CINEMA

Começou mais uma Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Como os filmes são sempre igualmente chatos, achei por bem ressuscitar um antigo post com alguns toques para você que está afim de bancar de bacana e gastar seu dinheiro com filme iraniano.

Semana que vem, se Gláuber Rocha quiser, tem post novo.

MOSTRE O FILME QUE VÊS QUE EU TE DIGO QUEM ÉS!

Deve ter estar faltando dinheiro no Irã e no Butão. Eles insistem em fazer cinema por lá. Onde tem dinheiro faltando, tem cineasta afanando o que sobrou (sim, Guilherme Fontes, é com você mesmo). E aqui tem gente que insiste em mostrar os filmes desses países com problemas de saneamento básico. Em São Paulo temos, mais uma vez, uma nova edição da Mostra Internacional de Cinema, um evento especializado em filmes-cabeça e analogias entre melões e o declínio da civilização moderna ocidental.

Nunca foi a uma mostra de cinema, Juquinha? Você pode ver um guia prático aqui. Tem um povo que curte um exotismo. Vai ao cinema para ver pastores afegãos sendo espancados e crianças senegalesas soltando pipas. Eles acham bacana ver uns pobres na tela. É um programa "sensível" para fazer antes do curso de matelassê. É a tal mania de responsabilidade social. Eles não precisam ir tão longe: temos miseráveis sobrando por aqui. E eles já são o terceiro item em volume de exportações brasileiras, perdendo apenas para travestis e músicos chatos que vão tocar em Lisboa.

Outra coisa que esse povo curte é ver as cenas de sexo. Filme cabeça quase sempre tem sexo. Mas não é aquela coisa padrão “Penthouse”. Sexo-cabeça é complicado: o fazendeiro vietnamita tira a roupa e grita frases subversivas enquanto a sua esposa esfrega morangos no corpo e recita trechos de poemas renascentistas. De vez em quando pode aparecer uma vaca. Se a vaca não fizer nada e só ficar olhando, é uma metáfora. Se participar da transa é uma cena de zoofilia e você está no cinema errado.

Marcadores:

quinta-feira, outubro 11, 2012

DÁ PARA FAZER SÓ MUSICA?

Juquinha, eu tento gostar de alguns músicos brasileiros. Mas eles insistem em lançar disco com bula de remédio para explicar as referências. São 70 minutos de música e 30 páginas de manual de instrução.

Otto é um exemplo gritante. Ele anunciou o lançamento do novo disco, “Moon 111”. E já explicou que a obra foi inspirada por "Fahrenheit 451", de François Truffaut. Sim, cinema francês sempre pega bem. E também combina com vinhos da Alsácia e lagosta grelhada. Chique.

A lista de referências do disco é um resumo das citações cult que um universitário faz para comer uma mina do grêmio: Fela Kuti, Pink Floyd, pitadas de candomblé e até Odair José. Você sabe, reverenciar artistas bregas dá um tom “roots” e garante o sorriso da turma de sociologia. 

Ouvi algumas faixas. Olha, é até legal. A voz continua uma merda e ele segue fazendo aquelas rimas panacas proto-inteligentes (eu ouvi, juro, “Dalai Lama” rimando com “grama”). Mas o som é moderninho, bonitinho. Vai bem como fundo de vernissage ou lançamento de livro de poesia. Servir Chardonnay chileno na temperatura certa, por favor.

A obra deveria ter sido lançada em 11/11/2011 (ah, sacou o porquê do nome do disco?). Um ano para decidir se é melhor homenagear Sidney Magal ou Patativa do Assaré. Tem que ficar atento ao que está mais na moda nos barzinhos da Barra da Tijuca. Aposto uma grana que no próximo disco ele vai citar Glauber Rocha. Gláuber é batata.

Por causa dessa demora, a imprensa faz questão de falar no “tão aguardado novo disco de Otto”. Quem estava aguardando o disco? Você, Juquinha? Ou aquele seu amigo que estuda filosofia na PUC e se diz fã de comida etrusca?

Gosto dos comentários dos críticos: “é um disco solar”. No dicionário do crítico pedante, “solar” é sinônimo de “otimista”. Isso deve ser bom. E tem ainda as próprias palavras de Otto: “o disco tem como fundamento abrir as portas da percepção, do novo, uma experiência cabalística, meu mais profético disco”. Não entendi porra nenhuma, mas que é bacana, é.

Ah, sim, Otto tem patrocínio da Natura, porque artista brasileiro tem sempre que entrar no jogo com a grana já garantida. Não dá para correr o risco de ficar sem aqueles livros sobre arte rupestre espanhola que enfeitam a sala de estar. Que, por sinal, combinam super bem com sushi.

Otto: eu até quero curtir tua música. Mas se na próxima vez você misturar Tarkovsky com arte pré-colombiana eu desisto de vez, beleza?

Marcadores:

quinta-feira, outubro 04, 2012

CARLINHOS, PEGA NO MEU E CHACOALHA.

A notícia é da semana passada e tem leitor pedindo comentário. Como ADORO o Carlinhos Brown, aqui vai.

Vocês viram, né? Carlinhos Brown ganhou status de inventor por ter “criado” a Caxirola, uma trolha que foi adotada como um dos instrumentos oficiais da Copa de 2014. Passei os últimos dias rindo com a notícia. 

Porque toda vez que governos tentam enfiar cultura e identidade nacional goela abaixo a coisa resulta em vexame. Assista ao vídeo com Carlinhos explicando “como torcer com a caxirola”. E me diz se não dá vontade de ir ao estádio e torcer pela Argentina.



Consegue imaginar a cena? Você e seus amigos deixando de levar pandeiro, corneta e bumbo para levar a caxirola? Esperar que a torcida use um instrumento “oficial” é uma ideia tão monga quanto criar um palavrão padronizado  para xingar juiz. 

Por isso, fica a dica: seu dever moral é deixar essa bagaça encalhar. Comprar a caxirola é assinar atestado de retardamento mental. Afinal, você vai aceitar a ideia de que Carlinhos Brown sabe o que é bom para você e o país? Reflita.

A vuvuzela foi um fenômeno autêntico (e pavoroso) da última copa. Querer repetir o fenômeno com uma canetada oficial não é só ridículo. É uma ofensa. Se a ideia é criar um instrumento tão irritante quanto a vuvuzela, que tal colocar o próprio Carlinhos falando sozinho na torcida?

Vai ser o maior encalhe da história da indústria brasileira, podem apostar. E se não for, é porque nós somos uns bunda moles, mesmo.

Marcadores: